O PS/Açores considerou hoje que a cessação de funções do presidente da administração da Unidade de Saúde do Corvo constitui um ato “desprovido de sentido”, salientando que “apenas uma causa política pode estar na base” da “má decisão”.
Citado numa nota de imprensa, o deputado do PS eleito pela ilha do Corvo, Lubélio Mendonça, afirma trata-se de “mais um episódio lamentável”, que “demonstra bem como é que a região está a ser gerida, com um Governo que cede a todas as pressões dos seus parceiros da coligação”.
O Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, “ora extingue um cargo de provedor, ora nomeia a esposa de um administrador para um hospital, ora exonera um médico competente e a cumprir bem a sua missão, talvez com alguma segunda intenção”, refere o socialista.
“É lamentável que se verifique mais uma situação destas, especialmente numa ilha como o Corvo, que conta apenas com um médico para o acompanhamento de toda a população, funções que têm sido asseguradas pelo Dr. António Salgado com brio e competência, ao longo dos últimos anos”, salienta ainda.
O socialista recorda que o profissional de saúde foi nomeado em 2020 pelo anterior Governo, do PS, tendo “a sua permanência como médico da ilha do Corvo sido colocada em causa, o que despoletou uma petição no ano passado, pedindo a sua continuidade em funções”.
A petição, lembra também, “acabou por não subir a plenário [da Assembleia Legislativa Regional], travada pelo PSD e pelo CDS-PP, com o pretexto de que este Governo acabou por nomear o Dr. António Salgado em dezembro de 2020 como presidente do conselho de administração da Unidade de Saúde do Corvo”.
“Não percebemos esta decisão agora”, sustenta Lubélio Mendonça, destacando a disponibilidade do médico para se fixar na ilha do Corvo, prestando “bons serviços à população”.
Lubélio Mendonça refere ainda que “não colhe a explicação” dada pelo secretário Regional da Saúde, Clélio Meneses, que afirmou que a decisão relativa à cessação de funções “decorre do normal funcionamento de relacionamento entre a tutela e o conselho de administração”.
“Não existindo motivos técnicos para o seu afastamento, apenas uma causa política pode estar na base desta má decisão, conforme é perceção do próprio médico, expressa em declarações à comunicação social”, salienta o deputado do PS, revelando já ter recebido “dezenas de chamadas de corvinos a querer travar esta injustiça”.
O secretário Regional de Saúde dos Açores garantiu hoje que o Corvo não vai ficar sem médico, e poderá até “ter dois”, recusando motivações político-partidárias na cessação de funções do presidente da administração da Unidade de Saúde.
“A cessação de funções determinada por despacho diz respeito à presidência do conselho de administração da Unidade de Saúde de Ilha do Corvo. As funções de António Salgado como médico e delegado de saúde [no Corvo] não estão em causa”, afirmou Clélio Meneses, em declarações aos jornalistas na Horta, à margem do plenário da Assembleia Legislativa Regional.
O governante explicou ainda que o médico “manifestou a intenção de exercer atividade noutra ilha”, o que dependerá “de um pedido de mobilidade e da decisão da tutela”, considerando que “seria uma irresponsabilidade” deixar o Corvo “sem médico”.
O secretário Regional negou “absolutamente” que o deputado do PPM, Paulo Estêvão, tenha tido qualquer interferência na decisão da tutela.
Em declarações à Antena 1/Açores, o médico António Salgado considerou que a decisão da tutela resultou de “uma particularidade do Corvo, que é ser mandado de uma forma arbitrária, quase absoluta, por uma figura que é o dono disto tudo e que gere a ilha como se fosse um jogo de tabuleiro, o deputado do PPM”.
Também em declarações aos jornalistas na Horta, Paulo Estêvão, deputado do PPM eleito pelo Corvo, assegurou ser “mentira qualquer tipo de interferência neste processo”.