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Covid-19: Ainda é cedo para avaliar impacto no petróleo mas Angola está preocupada

LUSA
14-02-2020 15:18h

O Governo de Angola considera ainda cedo para avaliar o impacto do novo coronavírus na economia do país, mas está preocupado por a China ser o maior importador do petróleo angolano, a principal fonte de arrecadação receitas.

A posição foi hoje expressa à agência Lusa pelo secretário de Estado dos Petróleos, Alexandre Barroso, à margem do seminário de apresentação do Mapeamento Nacional de Postos de Abastecimento de Combustíveis e Legislação Afim.

A Agência Internacional da Energia (AIE) assegurou, quinta-feira, que a procura global de petróleo foi "duramente atingida" pela propagação do novo coronavírus, adiantando que a mesma se contrairá pela primeira vez em mais de uma década no primeiro trimestre.

"Acreditamos que o coronavírus, assim como está a afetar outros setores, poderá também afetar o setor de petróleos. Já vimos que houve inicialmente uma contração de preços, houve uma baixa do preço do petróleo, felizmente está a recuperar", disse Alexandre Barroso.

O governante angolano frisou que, neste momento, ainda é cedo para determinar o impacto que o vírus poderá ter no setor petrolífero de Angola.

"Há uma preocupação, porque como produto principal de exportação e de arrecadação de receitas no nosso país, dependemos muito do preço do petróleo", referiu.

Alexandre Barros sublinhou que não é possível um controlo sobre a situação, sendo certo que "uma epidemia sem controlo poderá sim causar algum impacto".

"Porque sendo a China, onde neste momento há maior impacto da ação do vírus, um grande importador do nosso petróleo, se este mercado se contrair, nós poderemos também ter alguns problemas e estamos preocupados com isto", salientou o secretário de Estado dos Petróleos.

Mas o governante frisou que, neste momento, o Governo está calmo e “à espera de ver o que é que vai acontecer nos próximos tempos".

Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África depois da Nigéria.

No relatório mensal, a AIE calcula que a procura de petróleo vai cair no primeiro trimestre em 435.000 barris por dia face ao mesmo período do ano passado e estimou que o crescimento em 2020 será de apenas 825.000 barris por dia (menos 365.000 que o previsto), o menor aumento desde 2011.

O organismo dependente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reconhece que ainda é difícil precisar qual será o impacto do novo coronavírus Covid-19 sobre o mercado do petróleo, ainda que as estimativas pressuponham um progressivo regresso à normalidade no segundo trimestre.

Desde o início da epidemia registou-se "uma significativa desaceleração do consumo de petróleo na economia chinesa", segundo a AIE, levando a organização a prever que as repercussões do novo coronavírus sobre a procura serão "significativas".

"As consequências vão variar segundo o passar do tempo, com um impacto inicial nos transportes e nos serviços, provavelmente seguido pela indústria chinesa e finalmente pelas exportações e a economia no seu conjunto", defende a AIE.

A epidemia provocada pelo Covid-19, detetado em Wuhan, causou já 1.380 mortos, tendo a China reportado hoje 121 mortes, nas últimas 24 horas.

Segundo a Comissão Nacional de Saúde, o número de infetados cresceu 5.090, para 63.581.

Para além da China continental, Hong Kong, Japão e as Filipinas reportaram um morto cada um e, embora 30 países tenham diagnosticado casos de pneumonia por Covid-19, a China responde por cerca de 99% dos infetados.

O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.

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