O grupo parlamentar do PCP solicitou hoje o “urgente agendamento” das audições requeridas pelos comunistas e aprovadas na Comissão de Saúde sobre a situação do Centro Hospitalar de Setúbal, nomeadamente do Conselho de Administração e da ministra da Saúde.
Os requerimentos apresentados pelos deputados comunistas para a realização destas audições foram aprovados na comissão parlamentar de Saúde em 21 de abril deste ano, indicou o grupo parlamentar do PCP, numa nota à imprensa.
Neste âmbito, os comunistas enviaram hoje um ofício à presidente da comissão parlamentar de Saúde na Assembleia da República, a deputada do PS Maria Antónia de Almeida Santos, “a solicitar o urgente agendamento das audições do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal e da ministra da Saúde [Marta Temido], sobre a situação do Centro Hospitalar”.
“O PCP tem vindo a acompanhar a situação do Centro Hospitalar de Setúbal e a intervir com o objetivo de reforçar a sua capacidade de resposta. Foi por proposta do PCP que no Orçamento do Estado para 2021 ficou prevista a transferência de 17,2 milhões de euros para o Centro Hospitalar, com vista à sua ampliação através da construção de um novo edifício”, referiu o grupo parlamentar comunista, acrescentando que também foi apresentada iniciativa de recomendação ao Governo para implementação de medidas “que ainda não estão concretizadas”.
Os comunistas defendem que a valorização e a requalificação do Centro Hospitalar de Setúbal, através do reforço do investimento nas instalações e equipamentos, da valorização dos profissionais de saúde e da contratação dos profissionais de saúde necessários, “são fundamentais para o seu futuro e para melhorar a prestação de cuidados de saúde aos utentes”.
Na quinta-feira, o diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal, Nuno Fachada, apresentou a demissão do cargo, justificando a decisão com a falta de condições do hospital, inclusive a “situação de rotura e agravamento nas urgências médicas, obstétrica, EEMI [Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar]”, assim como “dificuldades noutras escalas como a pediátrica, cirúrgica, via verde AVC, urgências internas, etc”.
Numa informação enviada por Nuno Fachada aos colegas, a que a Lusa teve acesso na quinta-feira, o médico referiu também a “falta de condições de atratividade dos médicos”, “insuficiência ou não abertura de vagas sinalizadas”, “dezenas de cortes mensais de salas operatórias” e “rotura em vários serviços por êxodo” de profissionais de várias especialidades.
Nuno Fachada justifica ainda a demissão com a “não resposta sobre a requalificação e financiamento do CHS [Centro Hospitalar de Setúbal] para grupo D”, “afastamento e colapso dos cuidados primários de saúde, agravando as dificuldades dos doentes”, assim como “incertezas quando ao ecletismo, adaptação e capacidade das obras das urgências”.
Neste âmbito, o PSD pediu hoje uma audição urgente do diretor clínico demissionário do Centro Hospitalar de Setúbal, Nuno Fachada, do Sindicato Independente dos Médicos, da Ordem dos Médicos e de um conjunto de outras entidades.
Reagindo à demissão, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, pediu hoje ao Governo que encare a demissão de Nuno Fachada como “um grito de alerta” e resolva os problemas da unidade.
Também a Ordem dos Médicos manifestou hoje solidariedade para com o diretor clínico demissionário do Centro Hospitalar de Setúbal, Nuno Fachada, apelando para que o Governo resolva os "problemas graves" daquela unidade.