Os 409 desastres naturais registados a nível mundial em 2019 causaram prejuízos económicos de mais de 210 mil milhões de euros, 3% acima da média anual de perdas neste século, segundo um estudo da Aon hoje divulgado.
De acordo com o relatório ‘Weather, Climate & Catastrophe Insight – 2019’, desenvolvido pela empresa de avaliação de risco Aon, a que a Lusa teve acesso, os 409 desastres naturais registados a nível global no ano passado causaram prejuízos de mais de 210 mil milhões de euros na economia mundial, 3% acima da média anual de perdas neste século, mas 20% abaixo da média da década anterior.
No caso de Portugal, os prejuízos provocados pelo furacão Lorenzo, que passou no começo de outubro de 2019 pelos Açores, ascenderam a 330 milhões de euros, 190 milhões dos quais em resultado da destruição total do porto das Lajes das Flores.
Também o mau tempo provocado pela depressão Elsa, entre os dias 18 e 20 de dezembro de 2019, a que se juntou no dia 21 a depressão Fabien, levou o Governo a estimar prejuízos de nove a dez milhões de euros, devido às cheias no Baixo Mondego, e a abrir dois avisos, no valor total de 11 milhões de euros, para apoiar os agricultores afetados nas regiões Norte e Centro do país.
De acordo com o estudo hoje divulgado, as tempestades Elsa e Fabien registaram uma despesa conjunta para Portugal, Espanha e França de cerca de 86 milhões de euros e perto de 108 milhões de euros, respetivamente.
O estudo conclui também que, dos 210 mil milhões de euros de perdas económicas, apenas cerca de 64 mil milhões foram cobertos pelos seguros.
Os fenómenos que representaram uma maior despesa a nível de seguro foram os tufões de Hagibis e de Faxai, ambos ocorridos no Japão, em outubro e setembro de 2019, respetivamente.
O tufão de Hagibis causou prejuízos de mais de oito mil milhões de euros e, no caso do de Faxai, as perdas superaram os cinco mil milhões de euros.
“Talvez o maior destaque da última década de desastres naturais seja a emergência de perigos anteriormente considerados ‘secundários’ – como incêndios florestais, inundações e secas – tornando-se muito mais caros e impactantes”, referiu, no estudo, o diretor de Meteorologia da Aon, Steve Bowen.
Do ponto de vista climático, 2019 foi o segundo ano mais quente no que diz respeito às temperaturas terrestres e dos oceanos, desde 1851, com os termómetros a atingirem máximos históricos de 46 ºC em França e 42,6 ºC na Alemanha.
“Os estudos científicos indicam que as alterações climáticas vão continuar a afetar todos os tipos de fenómenos meteorológicos e, subsequentemente, vão ter cada vez mais impacto nas áreas urbanizadas”, acrescentou Steve Bowen.