O Governo do Brasil anunciou hoje que na quarta-feira vão partir de Brasília com destino à China duas aeronaves que farão o repatriamento de brasileiros que queiram sair do país asiático devido ao novo coronavírus.
A informação foi avançada pelo ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, à imprensa local.
Segundo o governante, as duas aeronaves que voarão até à China, com capacidade de 30 passageiros cada uma, pertencem à frota do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e trata-se de duas aeronaves de reserva nas quais o chefe de Estado não costuma viajar.
Antes de chegar a Wuhan, epicentro do surto da doença, cujo data prevista para aterrar é na madrugada de sexta-feira, os aviões deverão fazer escalas em Fortaleza (Brasil), Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polónia) e noutra cidade da China, cujo nome não foi revelado.
Segundo Azevedo e Silva, o grupo de brasileiros que está em Wuhan deverá regressar ao Brasil na manhã do próximo sábado.
Após a chegada a território brasileiro, o grupo será imediatamente encaminhado para a cidade de Anápolis, no estado de Goiás, onde terá lugar o período de quarentena, que durará 18 dias.
Os cidadãos brasileiros que apresentem sintomas da infeção serão levados para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, para avaliação médica.
Até à tarde de hoje, o Ministério das Relações Exteriores, liderado por Ernesto Araújo, confirmou aos jornais brasileiros que 29 pessoas pediram repatriação, incluindo quatro chineses identificados como cônjuges, filhos ou pais de brasileiros. A lista inclui sete crianças.
Contudo, na segunda-feira, o ministro da Saúde do Brasil, Luiz Mandetta, tinha declarado que 40 brasileiros demonstraram vontade de sair de Wuhan, mas que os números finais ainda estavam em aberto.
Ernesto Araújo sublinhou que os brasileiros que desejem voltar ao país sul-americano devem manifestar a sua vontade à embaixada do Brasil em Pequim até 24 horas antes do embarque.
"Os brasileiros que desejam retornar devem ficar em contacto permanente com a nossa embaixada em Pequim. [Faremos] tudo obedecendo aos parâmetros do Governo chinês", declarou Araújo, citado pelo portal de notícias G1.
Além da tripulação de voo, embarcarão para a China equipas médicas do Ministério da Saúde e do Instituto de Medicina Especializada da Força Aérea Brasileira, com o objetivo de monitorizar os cidadãos no trajeto de regresso.
O Governo do Brasil enviou hoje ao Congresso um projeto de lei com medidas para enfrentar possíveis casos do novo coronavírus.
De acordo com o projeto de lei, as medidas propostas pelo executivo de Jair Bolsonaro visam a "proteção da coletividade", e preveem o isolamento de pessoas contaminadas com o vírus, e de bens materiais que estiveram em contacto com esses doentes, de forma a "evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus".
Quarentena, realização obrigatória de exames médicos, testes laboratoriais, recolha de amostras clínicas, tratamentos, vacinação e outras medidas profiláticas, assim como a restrição temporária de entrada e saída do país, estão entre os pontos enumerados pelo Governo para enfrentar o surto de pneumonia provocado pelo novo coronavírus, que ainda não tem casos confirmados no Brasil.
A China elevou hoje para 426 mortos e mais de 20.400 infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.