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Covid-19: Cáritas de Beja relança campanha "Ajude a Ajudar" devido à falta de recursos

LUSA
11-03-2021 13:20h

A Diocese de Beja relançou a campanha “Cáritas é Amor, Ajude a Ajudar” devido à falta de recursos alimentares e por não ter capacidade de resposta para os diversos pedidos que lhe chegam, anunciou hoje a instituição.

A campanha foi lançada pela primeira vez em 2020, “aquando do primeiro confinamento”, e permitiu apoiar “301 pessoas com 147 cabazes alimentares”, mas a situação atual é “pior” do que nessa altura, realçou à agência Lusa a coordenadora técnica do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS).

“Neste momento, a situação está a ser pior, estamos a ter mais solicitações e, por isso, pensámos em relançar a campanha por tempo indeterminado”, explicou Ana Soeiro.

Trata-se, segundo a coordenadora, de “uma resposta de emergência” para dar “no imediato” às pessoas que chegam aos serviços de atendimento da Cáritas, “enquanto aguardam para serem, depois, integradas numa das respostas sociais” da instituição.

“Chega a ser aflitivo para as pessoas que fazem o atendimento depararem-se com situações de carência grave para as quais não têm uma resposta imediata para dar”, explicou Ana Soeiro.

Por isso, a Cáritas Diocesana de Beja lançou o apelo a “todos os que queiram voluntariamente participar” para que se dirijam às suas instalações ou entrem em contacto para agendar a recolha dos donativos ao domicílio, devido à pandemia de covid-19.

Os artigos solicitados pela campanha “Cáritas é Amor, Ajude a Ajudar” são produtos de higiene pessoal, como gel de banho, champô, pasta dentífrica, escovas de dentes, lâminas e espuma de barbear, assim como géneros alimentares, nomeadamente leite, cereais, papas, bolachas, chocolate em pó para o leite, marmelada, café, chá, arroz e massas.

São também aceites enlatados de grão, ervilhas, polpa de tomate, atum, sardinhas, salsichas de aves e de porco, manteiga, queijo, azeite, óleo e sal, assim como produtos frescos, mas com alguma durabilidade, como batatas, cebolas, pescada congelada e frango congelado.

Desta vez, a Cáritas está ainda a pedir bens essenciais para bebés, “que não podem mesmo ficar sem uma resposta imediata”, tais como fraldas de tamanhos de um a seis meses/um ano, toalhetes e cremes.

Ainda de acordo com a coordenadora do SAAS, não existe uma estimativa de quantas pessoas poderão ser apoiadas por esta campanha, mas a Cáritas recebe solicitações “todos os dias”.

A título de exemplo, a primeira campanha, no ano passado, permitiu também confecionar cerca de 14 mil refeições.

Este ano “já foram apoiadas 63 pessoas e realizados 31 cabazes”, mas a Cáritas não dispõe, neste momento, de mais reservas de alimentos e artigos de higiene “para responder aos pedidos” que lhe vão chegando diariamente.

“Todos os dias temos solicitações e no ano passado, só numa das respostas sociais, atendemos perto de 4.000 pessoas. Depois temos também o atendimento aos imigrantes, cujos trabalhos são precários e, quando acabam as campanhas [agrícolas], deixam de ter trabalho durante algum tempo. Este ano, é ainda mais difícil voltarem a arranjar trabalho, devido à pandemia”, exemplificou.

Já no ano passado, a Cáritas Diocesana de Beja registou um aumento superior a 25% no número de pessoas a pedir apoio, em comparação com o ano anterior, revelou à Lusa o presidente da organização local, Isaurindo Oliveira, em fevereiro.

O aumento reflete-se num apoio a 5.863 pessoas, correspondente a 2.419 famílias, no ano marcado pelo início da pandemia de covid-19, em março, em contraste com as 3.883 pessoas de 1.927 famílias apoiadas em 2019.

O aumento anual de 25,53% nos pedidos de apoio, face a 2019, teve um impacto ainda maior do ponto de vista financeiro, tendo a Cáritas de Beja mobilizado 27.342 euros através do Fundo de Emergência Social Diocesano e dos Grupos Paroquiais de Ação Social.

Trata-se de um aumento de 32,7% em relação a 2019, ano no qual foram gastos 20.594 euros em donativos financeiros para apoios económicos a famílias com dificuldades.

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