Cientistas do Instituto Pasteur, em França, conseguiram isolar e produzir em laboratório estirpes do novo coronavírus identificado na China, um feito hoje divulgado como um avanço europeu na investigação de uma vacina e de um tratamento contra este vírus.
Anteriormente, equipas chinesas e australianas também tinham isolado estirpes do novo coronavírus (família de vírus) que, na China, onde foi detetado em dezembro, já infetou cerca de 10 mil pessoas e matou 213, segundo o mais recente balanço, hoje publicado.
Contudo, é a primeira vez que na Europa é feita tal experiência com o novo coronavírus, que os investigadores dizem ser difícil de isolar.
Os cientistas do Instituto Pasteur recolheram amostras do coronavírus (2019-nCoV) de doentes franceses e inocularam-no em células já conhecidas para permitir a multiplicação de coronavírus similares.
Em duas das amostras, retiradas do mesmo doente, uma boa parte das células foi destruída pelo coronavírus.
A produção em laboratório do '2019-nCoV' torna-o, assim, "disponível para a investigação", refere o Instituto Pasteur.
De acordo com o instituto, as culturas do coronavírus poderão ser testadas e manipuladas com substâncias antivirais conhecidas ou novas (que possam ser candidatas a uma vacina).
Os investigadores podem ainda estudar como se comporta o novo coronavírus e, desta forma, identificar as suas fragilidades, que permitam "desenvolver estratégias terapêuticas".
A análise dos anticorpos presentes nas pessoas infetadas pelo '2019-nCoV' possibilitará também avançar com um teste serológico adaptado à despistagem da infeção a uma escala maior.
O teste permitirá saber, entre as pessoas que contactaram com o novo coronavírus, qual a proporção que pode ser infetada sem desenvolver sintomas, o que, para o Instituto Pasteur, facultará "dados mais precisos sobre a capacidade de transmissão deste vírus".
Além da China, que concentra o grosso de infeções pelo '2019-nCoV', foram confirmados casos em mais 22 países da Ásia, Europa, América do Norte, Oceânia e Médio Oriente.
Na Europa, há casos de infeção diagnosticados em França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Finlândia e Suécia.
Face ao risco elevado de propagação do novo coronavírus à escala global, a Organização Mundial de Saúde declarou na quinta-feira como emergência de saúde pública internacional o surto do '2019-nCoV'.