O Ministério da Saúde determinou à Administração Regional de Saúde a abertura de um processo de inspeção para esclarecer as acusações de dados falseados no Hospital de Cascais.
“Face às denúncias relatadas na reportagem da SIC, o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Francisco Ramos, determinou à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo a abertura de um processo de inspeção de forma ao cabal esclarecimento destas matérias”, indica uma resposta do Ministério enviada à agência Lusa.
O Ministério acrescenta que “acompanha em permanência a execução dos contratos-programa das Parcerias Público-Privadas (PPP) na Saúde, através da respetiva Administração Regional de Saúde (ARS), que procede a auditorias de forma sistemática, regular e permanente”.
Um grupo de antigos e atuais profissionais do Hospital de Cascais acusa a administração de falsear resultados clínicos e algoritmos do sistema de triagem da urgência para aumentar as receitas que são pagas à parceria público-privada.
Uma reportagem exibida na segunda-feira pela SIC relata a situação e adianta que a denúncia já chegou à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e ao Ministério Público, que estão a analisar o caso.
Relatos de antigos e atuais funcionários recolhidos no âmbito da reportagem denunciam que eram impelidos a aligeirar sintomas ou o caso do doente, de forma a que os algoritmos da Triagem de Manchester dessem uma cor de pulseira verde em vez de amarela, por exemplo, para que os tempos máximos de espera não fossem ultrapassados.
O incumprimento dos tempos de espera faz o hospital incorrer em penalizações financeiras.
A SIC, que também ouviu doentes tratados na instituição, dá ainda conta de suspeitas de acrescento de informação clínica nas fichas dos doentes alegadamente para aumentar a severidade e as comorbilidades dos utentes.
Isto serviria para influenciar o financiamento que o hospital recebe, que é calculado através do “case-mix”, um índice de ponderação da produção de um hospital que reflete a maior ou menor complexidade das situações.
O Grupo Lusíadas, que gere o Hospital de Cascais, veio hoje negar o envolvimento da administração do Hospital em qualquer das situações relatadas, mas indicou que será feita uma análise, indicando que, a ter havido alguma das questões suscitadas, se deveria a comportamentos individuais de profissionais.