A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou hoje que lançou um alerta para seis países africanos devido aos surtos de Ébola que surgiram na Guiné-Conacri, onde já morreram cinco pessoas, e na República Democrática do Congo.
A informação foi adiantada em conferência de imprensa pela porta-voz da OMS, Margaret Harris, que não esclareceu quais os seis países a receber o alerta, ainda que tenha confirmado que entre esses se encontram a Serra Leoa e a Libéria, que tal como a Guiné sofreram um grave surto da doença entre 2013 e 2016.
“Estão a agir e a preparar-se para estar prontos face a qualquer possível infeção”, sublinhou Harris.
A Guiné-Conacri comunicou o novo surto no domingo, enquanto a República Democrática do Congo, que tinha passado por um surto entre 2019 e 2020, informou sobre os novos casos a 07 de fevereiro.
A porta-voz da OMS esclareceu que as autoridades de saúde de ambos os países identificaram 300 possíveis casos relacionados com o surto congolês e mais de uma centena no caso do surto guineense.
Já morreram cinco pessoas com ébola na Guiné-Conacri, segundo os dados avançados hoje pela Agência Nacional de Segurança Sanitária do país da África Ocidental.
Na Guiné-Conacri foi lançada oficialmente na segunda-feira a campanha de vacinação contra a doença.
O vírus Ébola, que provoca febres altas, vómitos e diarreias, foi identificado pela primeira vez em 1976 na República Democrática do Congo (RDCongo) e deve o seu nome a um rio no norte do país, perto do qual teve origem o primeiro surto.
Os morcegos são considerados o hospedeiro natural do vírus, mas não desenvolvem a doença, enquanto outros mamíferos como os grandes símios, antílopes ou porcos-espinhos podem transportá-lo e transmiti-lo aos humanos.
O Ébola é transmitido entre humanos através de fluidos corporais como sangue ou fezes e tem uma taxa de letalidade muito elevada, que varia entre 50% e 90%, de acordo com a OMS.
Uma primeira vacina contra o Ébola, fabricada pelo grupo americano Merck Shape e Dohme, provou ser altamente protetora contra o vírus, num grande ensaio realizado na Guiné-Conacri em 2015.
Esta vacina, pré-qualificada em novembro de 2019 pela OMS para licenciamento, foi utilizada em mais de 300.000 doses numa campanha de vacinação orientada durante o último surto na RDCongo.
Uma segunda vacina experimental, dos laboratórios norte-americanos Johnson&Johnson, foi introduzida em outubro de 2019 como medida preventiva em áreas onde o vírus está ausente, e mais de 20.000 pessoas foram vacinadas.
Segundo o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (Africa CDC), foram reportados nos últimos dias 11 casos de Ébola no continente, quatro casos e duas mortes na RDCongo e sete casos e quatro mortes na Guiné-Conacri, onde o surto está circunscrito à província de Nzérékoré.