SAÚDE QUE SE VÊ

Governo moçambicano pede uso de fármacos alternativos para aliviar sofrimento de utentes

LUSA
07-07-2025 15:49h

O Ministro da Saúde moçambicano pediu hoje aos funcionários hospitalares para que recomendem medicação alternativa, em caso de falta de um determinado medicamento, por forma a aliviar o sofrimento dos utentes.

“Ao invés de dizer ao doente que não tem, (diz) mas tem alternativa, ajuda o doente. Leva a receita, vai ter com o médico (...) E o médico vai trocar a receita", pediu o ministro da Saúde, Ussene Isse.

O governante falava em Maputo durante uma visita ao Hospital Geral José Macamo, onde disse estar ciente da falta de material médico cirúrgico e fármacos, em particular o fentanil, que é um anestésico usado no país.

“O fentanil está escasso a nível mundial, por estar a ser usado como droga (...) Por isso, estamos a ter esta restrição, não por falta de capacidade de adquirir, mas por uma restrição do mercado internacional”, explicou.

Na reunião que realizou com funcionários do Hospital José Macamo, Ussene Isse apelou à celeridade no atendimento hospitalar, frisando que os “doentes não podem ficar muito tempo à espera de uma consulta, de uma cirurgia ou de um procedimento nos hospitais”.

“Queria chamar a atenção da direção clínica do hospital para olhar com atenção este indicador, monitorar este indicador permanentemente, que é para, se sentirmos que há alguma pressão numa área, rapidamente buscar uma solução”, advertiu.

Também hoje, o ministro da Saúde realizou uma reunião com os comités da saúde da cidade de Maputo, em que pediu para reforçarem a vigilância comunitária contra o roubo de medicamentos nos hospitais públicos.

“Rouba-se muito medicamento nos hospitais, o Ministério compra medicamento que dá para servir a nós todos aqui. Mas já há aqueles que não gostam de nós, roubam e o roubo de medicamento, alguns vendem nas casas, outros vendem nos mercados, até aqueles que levam medicamento para fora do Moçambique”, denunciou o ministro da Saúde, Ussene Isse.

O governante sublinhou que o envolvimento da comunidade é essencial para travar os desvios dos fármacos.

“Se nós, comunidade, comité, estivermos engajados, vamos ajudar o setor a melhorar esse aspeto, então peço a vossa intervenção, vocês sabem, bem mesmo, quem vende medicamento nos bairros ( ...) ajudem o Ministério da Saúde, porque vocês têm um papel muito importante na comunidade e sem as comunidades não temos como trabalhar”, apelou Isse.

Na mesma intervenção, o governante insistiu sobre a necessidade de humanizar o atendimento hospitalar.

“Temos que atender bem as pessoas (...) alguém que trabalha na saúde tem que ter um bom coração, tem que gostar do outro, tem que sentir a dor do outro”, apelar, apontando a importância de investir nos serviços públicos de saúde.

O ministro da Saúde de Moçambique admitiu em maio “desafios” para travar o roubo de medicamentos no país, mas adiantou que, só este ano, o Ministério da Saúde já expulsou cinco funcionários envolvidos no desvio dos fármacos.

No mesmo mês de maio, o Governo moçambicano anunciou que vai introduzir um sistema eletrónico para o controlo de medicamentos do sistema nacional da saúde para travar roubos e prometeu expulsar os profissionais do setor que forem encontrados a furtá-los.

O setor da saúde em Moçambique enfrenta vários desafios, agravados, nos últimos três anos, por greves e paralisações convocadas por médicos e diferentes profissionais do setor, exigindo melhorias das condições de trabalho e revisão de políticas salariais.

O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

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