O Dia Mundial das Doenças Reumáticas celebra-se hoje, dia 12 de outubro. A propósito da data, a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) denuncia o facto de cerca de metade dos portugueses não ter acesso a reumatologista nos hospitais públicos, havendo apenas cinco unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com o quadro completo de especialistas.
Os dados da avaliação realizada nos últimos meses pela SPR para avaliar a capacidade dos hospitais públicos indicam que 51,8% dos portugueses não tem acesso à especialidade de reumatologia, devido à deficiente cobertura da rede hospitalar.
Desta forma, são apenas cinco os hospitais do SNS com o quadro completo de especialistas: Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Oeste, Garcia de Orta, Hospital de Ponte de Lima e São João. Esta informação foi avançada pelo próprio presidente da SPR, o Dr. Luís Cunha Miranda, em entrevista à Lusa, citada pelo jornal Público.
O problema não é só de agora, reconhece o médico, indicando que se trata de uma questão quase estrutural, que se tem arrastado ao longo dos anos, e que faz da Reumatologia uma especialidade "esquecida e negligenciada". Verifica-se que em mais de 40% dos hospitais públicos não há qualquer especialista na área, o que significa que cinco milhões de portugueses, metade dos quais com uma doença reumática, não tem acesso a um reumatologista no SNS.
"O que é mais chocante é que existem pessoas disponíveis para abrir unidades em hospitais como Amadora-Sintra ou Santo António e esses hospitais não abrem unidades. Há reumatologistas disponíveis, mas há sempre obstáculos à abertura de unidades, ou da parte das administrações dos hospitais, ou da parte das administrações regionais de saúde. Mas quem tinha de ter um plano definido era a Administração Central do Sistema de Saúde", afirma o Dr. Luís Cunha Miranda.
Segundo o último levantamento feito pelo Colégio de Reumatologia da Ordem dos Médicos, em novembro de 2017, estavam definidos 177 reumatologistas em Portugal, sendo que nem todos trabalhavam no SNS.
Assim, o presidente da SPR dá especial relevo à falta de pelo menos 80 especialistas nos hospitais públicos para atender às necessidades da população, já que estas são doenças com um enorme impacto social e económico.
"O acesso a um especialista pode ajudar a melhorar a vida dos doentes e pode ajudar a mudar este panorama", conclui o especialista.
FONTE: Público