Pelo menos 78 crianças morreram em 2019 devido a doenças ligadas à dengue no Iémen, país já devastado pela guerra, anunciou hoje a organização humanitária Save the Children, alertando sobre uma epidemia.
“Já morreram 78 crianças com menos de 16 anos (...) e mais de 52.000 casos suspeitos foram identificados no país”, afirmou a organização não governamental (ONG), em comunicado.
Os números registados “podem estar a sinalizar o início de uma epidemia”, alertou a Save the Children.
No total, as doenças relacionadas com a febre de dengue mataram 192 pessoas no ano passado, a maioria das quais nas cidades de Hodeida e de Aden, no sudoeste e sul do país.
“Hodeida tem a segunda maior taxa de mortalidade no país, com 62 mortes, entre adultos e crianças, em 2019”, afirmou a coordenadora da Save the Children no Iémen, Mariam Aldogani.
“Mais de 40 dos nossos funcionários e familiares foram afetados pela febre”, acrescentou.
O representante do Comité Internacional da Cruz Vermelha na ONU, Robert Mardini, já tinha referido, em 25 de novembro, a existência de inúmeros casos de dengue no Iémen, país já afetado por cólera.
A dengue é transmitida principalmente pelo mosquito tigre que se reproduz em águas paradas.
Desde 2015, a guerra no Iémen provocou milhares de mortos, a maioria dos quais civis, segundo várias organizações humanitárias. O conflito resultou na pior crise humanitária do mundo hoje, segundo a ONU.
O conflito no Iémen começou com a tomada da capital em 2014 pelos rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, que controlam grande parte do norte do país.
Uma coligação liderada pela Arábia Saudita, aliada ao Governo reconhecido internacionalmente, luta contra os Huthis desde março de 2015.