O deputado do PSD Cancela Moura considerou segunda-feira que os tempos de espera no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) são “uma vergonha”, tendo exigido à ministra da Saúde respostas sobre o avanço das obras na unidade.
De acordos com Cancela Moura, que falava no debate parlamentar na especialidade sobre o Orçamento do Estado para 2020, o CHVNG/E regista, em oftalmologia, 308 dias de espera para consulta, um número que aumenta para 1.563 dias de espera na urologia.
“É uma vergonha. Neste Orçamento, a despesa total com este centro hospitalar aumenta 2,3%, diminuindo a despesa com medicamentos em 3% e a despesa com material de consumo clínico em 38,5%”, referiu Cancela Moura que é também vereador na Câmara de Vila Nova de Gaia.
O deputado social-democrata fez uma intervenção com perguntas dirigida à ministra da Saúde, Marta Temido, tendo exigido saber qual a dotação orçamental para o hospital de Gaia, quando se concretizará a terceira fase de requalificação desta unidade hospitalar e qual é a dívida registada no final de 2019.
“Segundo dados de setembro último este hospital era uma das maiores dívidas do SNS com 61,5 milhões de euros”, disse o deputado, que antes responsabilizou o Governo socialista pelos atrasos nas obras do CHVNG/E.
“Há mais de 10 anos o PS anunciou a construção de um novo hospital de 400 milhões de euros em Vila Nova de Gaia com cerimónia pública da então ministra da Saúde do Governo de José Sócrates, Ana Jorge. Não passou da intenção porque o PS chamou a ‘troika’”, acusou.
O PSD, “apesar da crise, avançou com a requalificação do hospital no valor de 46 milhões de euros dividido em três fases. A primeira fase ficou concluída em 2013 no valor de 12,6 milhões de euros financiados pelo anterior quadro comunitário. Cinco penosos anos depois, e com financiamento assegurado, encontra-se em curso a segunda fase da empreitada no valor de 16 milhões de euros”, referiu ainda.
Em resposta, e numa intervenção em que juntou respostas a vários deputados sobre vários temas, a ministra da Saúde falou apenas das questões relacionadas com os tempos de espera, admitindo que se trata de um “hospital com muita pressão de procura”, mas sem confirmar ou desmentir os dados avançados pelo PSD.
“O Centro Hospitalar de Tâmega e Sousa e o de Gaia são exemplos de dois hospitais onde não havia doente à espera há mais de um ano até ao final de 2019. São duas instituições nas quais foi possível responder à eliminação das listas de espera de mais de um ano para consultas. Cá estaremos para continuar a trabalhar no sentido de responder mais e melhor às necessidades dos nossos utentes”, disse Marta Temido.
Já no dia 08 de novembro a governante garantiu, em declarações à agência Lusa à margem de uma visita ao Centro de Reabilitação do Norte, que as obras projetadas para o CHVNG/E vão concretizar-se "sem dúvida nesta legislatura".
"O Governo vai desencadear todos os esforços para que a obra que é necessária possa acontecer no mais curto espaço de tempo possível. Esta tem sido uma obra complexa, mas sem dúvida que nesta legislatura queremos concretizar. Está garantido que o Governo vai desencadear as diligências necessárias para concretizar esta obra", disse a ministra da Saúde sem, no entanto, dar prazos ou datas.
Antes, a 29 de outubro, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, avançou que a fase C de obra no CHVNG/E custará cerca de 60 milhões de euros e "poderá estar no terreno" em 2021.
"Temos de ter um hospital de referência e Gaia será o hospital de referência a sul do rio Douro. Recentemente, ainda antes da tomada de posse do Governo, tive oportunidade de falar sobre isto com o senhor primeiro-ministro", disse Eduardo Vítor Rodrigues que falava à margem da apresentação sobre o orçamento municipal para 2020.