Investigadores identificaram o mecanismo de como as células cancerígenas se alimentam de glicose, uma descoberta que poderá levar ao desenvolvimento de terapias mais precisas contra estas células, anunciou hoje o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
“O mecanismo, até agora desconhecido, da forma como as células humanas regulam a absorção de glicose, o alimento principal das células cancerígenas” foi identificado por uma equipa de investigação liderada pelo Departamento de Genética Humana do INSA.
Segundo o INSA, “a descrição destas novas características poderá levar ao desenvolvimento de terapias dirigidas com maior precisão contra células malignas”.
“A entrada de glicose para o interior da célula é um passo chave para o metabolismo do corpo humano, mas também para o sustento da alta taxa de crescimento das células cancerígenas”, afirma o investigador do INSA Peter Jordan, num comunicado publicado no ‘site’ do instituto.
Peter Jordan explica que esta entrada “é mediada por canais formados pelas proteínas transportadoras GLUT na membrana da célula” e que “as células cancerígenas mostram frequentemente uma maior produção das proteínas GLUT”.
Na sua adaptação ao microambiente, “as células cancerígenas dispõem ainda de um mecanismo mais rápido: a translocação para a membrana celular de GLUT armazenado em pequenas vesículas intracelulares”, acrescenta.
O investigador sublinha que foi precisamente ao nível deste mecanismo que os investigadores identificaram agora uma nova forma de as células regularem esta translocação para a membrana, a qual envolve a modificação bioquímica de uma proteína reguladora da translocação.
“Esta modificação depende da presença da enzima WNK1 cujos efeitos em células cancerígenas é uma linha de investigação que tem vindo a ser seguida pela nossa equipa”, refere Peter Jordan.
Para o investigador, os resultados deste estudo “aumentam o conhecimento sobre os mecanismos utilizados por células cancerígenas para assegurarem o seu fornecimento de glicose e poderão levar ao desenvolvimento de terapias dirigidas com maior precisão contra células malignas”.
Os resultados obtidos neste trabalho, que contou com a participação de investigadores do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI), do CEDOC – Chronic Diseases Research Centre e do Center for Cooperative Research in Biosciences, foram publicados na versão online da revista internacional “Archives in Biochemistry and Biophysics”.