A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) reage com críticas ao anúncio do novo curso de Medicina, na Universidade Católica, após a luz verde dada à candidatura da instituição de ensino privado pela Agência A3ES - Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior - que certificou o curso, depois do chumbo do ano passado.
Em entrevista ao Canal S+, o vice-presidente da ANEM, João Quintas Madeira, afirma que a ANEM está “absolutamente contra um novo curso de Medicina”, porque isso “só vai incrementar a má formação médica”, atesta.
O Vice-presidente da ANEM, que estuda na Universidade Nova, explica que Portugal “não tem falta de médicos”, de resto dados da PORDATA indicam que o país dispunha em 2018 de 515 médicos por 100 mil habitantes, o que coloca Portugal em terceiro lugar no pódio europeu. O que falta em muitas regiões do país são médicos especialistas e para que esse problema se resolva é preciso abrir mais vagas para as especialidades no Serviço Nacional de Saúde (SNS) de modo a formar novos especialistas, explica o dirigente associativo.
Nas últimas semanas a Ordem dos Médicos (OM) e o Conselho das Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) manifestaram-se publicamente contra a abertura do novo curso de Medicina na Universidade Católica apontando lacunas no projecto do curso.
Entre elas, o facto do curso se basear numa parceria com o Hospital Beactriz Ângelo, em Loures (a funcionar em regime de Participação Pública-Privada - PPP), sob administração do Grupo Luz Saúde, mas que já se sabe não terá continuidade no futuro ou o facto de se prever a formação pós-graduada em psiquiatria, sem que o hospital disponha de internamento.
Perante todas as lacunas citadas no relatório da Ordem dos Médicos, João Quintas Madeira não compreende a decisão da Agência A3ES e suspeita que ”claramente houve algum comentário das altas entidades politicas”.
O novo curso de Medicina na Universidade Católica tem arranque previsto para o ano lectivo de 2021-2022 e vai funcionar em Sintra com uma turma de 50 alunos.