Em entrevista ao Canal S+, a presidente do Grupo de Interesse de Fisioterapia Cardiorrespiratória da APFISIO explica que a pandemia da COVID-19 veio mostrar que existem poucos fisioterapeutas a trabalharem no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“A maioria encontra-se a trabalhar no sector privado”, afirma Cristina Jácome preocupada, sobretudo, com as necessidades que os doentes recuperados vão manifestar na fase pós-COVID. “Sabemos que muitos deles podem vir a sofrer de fibrose pulmonar, depois de recuperados”, adianta a especialista.
Atualmente, Portugal dispõe de 13 mil fisioterapeutas, 1400 encontram-se a trabalhar no SNS, dos quais 1250 em centros hospitalares e 150 nas unidades de cuidados de saúde primários. Os dados disponibilizados pela Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO) fazem-se acompanhar de outro alerta: “São precisos mais fisioterapeutas em permanência nas Unidades de Cuidados Intensivos, onde se encontram os pacientes COVID-19 mais graves”, explica Cristina Jácome.
A presidente do Grupo de Interesse de Fisioterapia cardiorrespiratória da APFISIO adianta ainda que os profissionais de fisioterapia tiveram de suspender, sobretudo durante o período do estado de emergência em Portugal, quase toda a sua atividade, mas agora os serviços começam finalmente a ser repostos. “A preocupação dos fisioterapeutas está focada nos doentes COVID, mas também nos outros que embora não sejam absolutamente críticos, são também eles doentes”, remata.
Apesar de todas as contingências durante o período de confinamento, com o estado de emergência decretado no país, Cristina Jácome garante ao Canal S+ que a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO) não ficou de braços cruzados. “Grande parte dos fisioterapeutas disponibilizaram-se para fazer teleconsultas e dar apoio telefónico sempre que foi preciso e fizeram formação à distância”.
A presidente do Grupo de Interesse de Fisioterapia cardiorrespiratória da APFISIO só lamenta que não tenham surgido até agora diretrizes claras e específicas da Direção Geral da Saúde (DGS) para que os fisioterapeutas possam trabalhar de acordo com as melhores práticas e em segurança.
Cristina Jácome mostra-se ainda preocupada com o número de fisioterapeutas que o país dispõe especializados na área cardiorrespiratória. “É precisamente a área em que temos menos fisioterapeutas e vai ser uma área muito procurada em breve pelos doentes recuperados da COVID-19”, afirma. “Naturalmente é também uma questão de mercado, que tudo indica irá mudar nos próximos tempos com o aumento da procura”, atesta a especialista.