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Maternidade Alfredo da Costa reabre centro de recolha de gâmetas no início do ano

LUSA
13-12-2019 18:46h

A Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, vai reabrir no início do ano as consultas de recrutamento de dadores de óvulos e espermatozoides, uma notícia saudada pela Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução.

“O plano é reabrir as consultas de recrutamento de dadores no início do ano”, disse hoje à agência Lusa Graça Pinto, diretora do Centro de Procriação Medicamente Assistida (PMA) da Maternidade Alfredo da Costa, que integra o Centro Hospitalar de Lisboa Central.

Graça Pinto adiantou que o equipamento de congelação necessário para a recolha de óvulos e espermatozoides já foi instalado e que os dadores já vão poder doar no banco público de gâmetas em Lisboa.

“Nós trabalhámos seis meses para o banco de gâmetas e recrutámos alguns dadores, mas depois encerrámos para obras, e verificou-se a falta de equipamento”, disse a diretora do centro de PMA, acrescentando: "o que fomos sempre dizendo às pessoas é que enquanto o aparelho não viesse não podíamos recomeçar, agora o aparelho já veio, vamos recomeçar”.

Graça Pinto adiantou que a MAC teve “uma boa procura de candidatos a dador”, esperando que agora se recupere “um conjunto significativo de dadores” e com isso se possa “aumentar o número de dádivas” e “diminuir o tempo de espera no banco”.

Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Reprodução (SPMR), Pedro Xavier, a reabertura das consultas “é uma ótima notícia, uma vez que no sul do país não havia nenhum centro público a aceitar essas doações”.

“Apesar da satisfação desta notícia”, Pedro Xavier afirmou que não basta os centros estarem a funcionar, é preciso haver “um dinamismo maior” para aumentar as doações no Serviço Nacional de Saúde.

A SPMR lançou em março a campanha “Dá vida à esperança”, com duração prevista de um ano, para combater a escassez de ovócitos e espermatozoides e diminuir as listas de espera para tratamentos de infertilidade.

“Nós, que estamos no fundo a promover a campanha para a doação de gâmetas, temos a convicção de que não basta os centros estarem a funcionar, é preciso que estejam a funcionar com uma dinâmica maior porque em 2018 a disparidade de doações entre centros públicos e privados foi muito grande”, sublinhou.

Segundo Pedro Xavier, das cerca de 900 doações, só 30 foram feitas nos centros públicos, “o que significa que entrada em funcionamento da MAC como centro de recolha de gâmetas para o Serviço Nacional de Saúde será uma boa notícia, mas é preciso “um dinamismo maior que porventura estará dependente do financiamento dos centros públicos pelas entidades competentes”.

“Isto porque a nossa convicção é que o Sistema Nacional de Saúde precisa de um número doações que corresponda a pelo menos 50% daquilo que são as doações totais do país e neste momento 30 para 900 está muito longe desse objetivo”, sustentou.

Com a abertura do serviço na MAC, “os dadores do sul do país já não serão mandados embora como aconteceu até há três dias”.

“A SPMR está a divulgar nas redes sociais esta notícia e a pedir aos dadores do sul que possam e que queiram doar que já o podem fazer no banco público de gâmetas”.

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