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Covid-19: Número de mortes e de casos sobe no Irão após abertura das mesquitas

LUSA
04-05-2020 16:43h

O Irão reabriu as mesquitas em várias regiões do país consideradas menos afetadas pela pandemia de covid-19, mas registou hoje um forte revés no número de mortes e de novos casos de contaminação com o novo coronavírus.

Segundo o porta-voz do Ministério da Saúde iraniano, Kianouche Jahanpour, entre domingo e hoje ao fim da manhã, o Irão contabilizou mais 74 óbitos, o que eleva para 6.277 o total de mortes, número superior ao registado 24 horas antes, que eram 47, o mais baixo registado em 55 dias.

Jahanpour adiantou que foram também registados mais 1.223 novos casos de infeção nas últimas 24 horas, aumentando para 98.647 o total de contaminados.

As mesquitas iranianas, encerradas na sua maioria desde fins de fevereiro, foram autorizadas pelo Governo a reabrir as portas aos fiéis em 132 condados considerados de pouco risco na propagação do coronavírus.

O condado é uma subdivisão da província. O Irão conta ainda com 434 condados repartidos por 31 províncias.

Segundo um comunicado do Ministério do Interior iraniano, os fiéis devem utilizar máscaras e luvas quando entrarem nas mesquitas e não podem lá permanecer mais do que 30 minutos no momento da oração.

Os muçulmanos iranianos devem também abster-se de oferecer alimentos e bebidas, mas devem oferecer desinfetantes para limpar as mãos e todas as superfícies, acrescenta-se no documento.

Segundo Jahanpour, 79.397 dos pacientes que foram hospitalizados desde o anúncio dos primeiros casos do novo coronavírus no país, em fevereiro, já deixaram o hospital, enquanto 2.676 outros estão nos cuidados intensivos.

O ministro realçou que o Irão está entre os cinco primeiros países do mundo com maior número de casos de pacientes curados.

No estrangeiro, mas também no interior do país, existem suspeitas de que os números oficiais iranianos estão subestimados.

O Presidente iraniano, Hassan Rohani, reafirmou hoje que todos os cidadãos devem concentrar-se nos esforços para “evitar eficazmente a propagação do vírus em numerosas regiões” do país.

“(A resposta do Irão à epidemia) deve ser considerada como estando para lá das normas internacionais”, sublinhou Rohani, ao falar na 19.ª cimeira do Movimento dos Países Não Alinhados, que hoje começou e cuja sessão inaugural foi retransmitida pela televisão estatal iraniana.

Mas as sanções “anti direitos humanos” impostas pelos Estados Unidos contra a República Islâmica iraniana têm travado os esforços para controlar o vírus”, acrescentou, salientando a proibição de empresas norte-americanas venderem ao Irão vários produtos, entre eles medicamentos.

Em 2018, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu retirar-se do acordo internacional sobre a questão nuclear iraniana (assinado em 2015) impondo, depois, pesadas sanções económicas contra Teerão.

No papel, os bens humanitários (medicamentos e equipamentos médicos, segundo a agência noticiosa France-Presse escapam às sanções, mas, na realidade, os bancos internacionais preferem geralmente recusar uma transação que envolva o Irão, qualquer que seja o produto, evitando exporem-se à represálias norte-americanas.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 247 mil mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.

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