A maioria (60%) das empresas alemãs não pensa reduzir trabalhadores, apesar do impacto da pandemia da covid-19, de acordo com dois inquéritos revelados pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (CCILA).
Em comunicado, a entidade indica que “mais de 90% das empresas alemãs já sentem os efeitos negativos da pandemia”, devido às medidas de segurança que o país adotou e que “praticamente paralisaram a atividade económica” e interromperam ou atrasaram “o funcionamento das cadeias de abastecimento” e geraram uma “queda drástica” na procura de bens e serviços.
Assim, mais de 80% das empresas inquiridas conta já com quebras nos lucros, sendo que “uma em cada quatro empresas prevê que essa quebra seja superior a 50%”.
Da mesma forma, “40% das empresas enfrentam situações de falta de liquidez e 18% já vivem a ameaça da insolvência”.
Ainda assim, “uma maioria – 60% – não pensa, para já, efetuar qualquer redução do número de trabalhadores e 2% considera mesmo aumentar o quadro”, adiantou a CCILA. Por outro lado, 38% deparam-se com a necessidade de despedir colaboradores, segundo a mesma fonte.
“Nos setores da hotelaria e das viagens, os mais afetados pela crise, duas em cada três empresas preveem a necessidade de eliminar postos de trabalho”, detalhou o organismo.
Um dos inquéritos foi realizado às empresas na Alemanha pela Confederação das Câmaras de Comércio e Indústria e envolveu 15.000 companhias. O outro foi feito especificamente para a relação das empresas com a China pela Câmara Alemã na China a 294 empresas.
Neste último caso, o objetivo foi “avaliar os efeitos da atual crise sobre as relações económicas das empresas com a China e sobre a sua situação económica em geral”.
As organizações envolvidas concluíram que “56% das empresas que mantêm negócios com aquele país registam uma quebra na procura dos seus produtos ou serviços e 47% afirmam-se impossibilitadas de cumprir os prazos de entrega estipulados devido às dificuldades logísticas acrescidas”.
Já 47% “queixa-se da falta de colaboradores, enquanto 45% enfrenta dificuldades pela falta de matérias-primas”.
Segundo a CCILA “os efeitos da pandemia fazem-se sentir naturalmente também sobre os lucros das empresas com negócios com a China: 48% conta com uma quebra superior a 20%” e apenas 3% não espera qualquer efeito sobre os lucros da empresa.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 212 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Mais de 832 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 948 pessoas das 24.322 confirmadas como infetadas, e há 1.389 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.