O PCP de Braga criticou hoje o anunciado 'lay-off' na fábrica da Bosch daquela cidade, considerando que se trata de um "exemplo maior do caminho que não deve ser seguido" durante o atual surto epidémico.
Em comunicado, o PCP sublinha que se trata de uma empresa que tem tido "um grande crescimento" e acumulado "muitos milhões de euros de lucros" mas que, "mesmo assim, tem seguido uma política de retirada de direitos dos seus trabalhadores".
Diz ainda que, ao longo dos anos, foram canalizados "muitos milhões de euros" de apoio públicos para a Bosch.
"Consideramos que o recurso a 'lay-off' por parte de grandes empresas como a Bosch serve apenas para garantir a acumulação de lucros, empurrando os custos desta epidemia para os trabalhadores, os mesmos que produziram largos milhões de lucros", referem os comunistas.
O PCP de Braga diz recusar que o acesso ao 'lay-off' sirva para salvaguardar os lucros dos acionistas, "à custa de cortes nos salários dos trabalhadores e da rapina de fundos da Segurança Social".
"As medidas de contenção e prevenção da covid-19 devem garantir a manutenção dos postos de trabalho, sem que isso implique perda de salário para os trabalhadores", acrescenta o comunicado.
Os 3.500 trabalhadores da fábrica de Braga da multinacional alemã Bosch vão entrar em 'lay-off' a partir de 30 de abril, devido à "forte" redução das encomendas, disse hoje fonte oficial da empresa à Lusa.
Segundo a fonte, o 'lay-off' total vai decorrer durante 11 dias.
"Tivemos uma redução de 50% das encomendas e de 78% no volume de vendas, uma situação que se agravou nos últimos dias", explicou a fonte.
Sublinhou que o 'lay-off' total foi a forma encontrada "para salvaguardar tanto os postos de trabalho como a própria empresa".
O PCP não se conforma e garante que vai questionar o Governo, na Assembleia da República, sobre o recurso ao ?lay-off' por parte da Bosch, bem como sobre os apoios financeiros concedidos à empresa pelo Estado.