A pandemia da Covid-19 apanhou Susete Simões, Médica especialista em Medicina Geral e Familiar, no final da segunda gravidez.
Em entrevista ao Canal S+, falou da experiência de dar à luz em pleno Estado de Emergência em Portugal.
Enquanto a maioria dos albicastrenses apreciava um fenómeno meteorológico algo invulgar na cidade de Castelo Branco e até no país, Susete Simões, de 36 anos de idade, preparava-se para ser mãe pela segunda vez.
Tiago escolheu um dia de neve, em pleno Estado de Emergência, para nascer. Às 39 semanas e 5 dias, com 50,5 centímetros e 3.690 Kg.
O parto por ventosa aconteceu às 04h30 da manhã do dia 31 de Março, no Hospital Amato Lusitano.
Susete Simões recorda o momento do parto e do pós-parto imediato.
Curiosamente, aquilo que mais lhe custou aquando do nascimento da Mariana, a primeira filha, foi o mesmo que lhe custou agora, aquando do nascimento do pequeno Tiago.
Susete Simões é Médica especialista em Medicina Geral e Familiar na USF Beira Saúde – Unidade Local de Saúde de Castelo Branco.
Talvez por isso, tenha tido consciência da gravidade da pandemia da Covid-19, mesmo antes do registo do primeiro caso de infeção no interior do país, que aconteceu a 27 de Março, e se tenha preparado para o que aí vinha porque, para esta mãe de segunda viagem, "ter um parto em casa ou na estrada não era, de todo, opção".
A pandemia da Covid-19 apanhou Susete Simões no final da gravidez, pelo que a vigilância, até então, foi a vigilância de uma gravidez normal.
Apesar de, na altura, ainda não ser recomendado o uso de máscara, sempre que tinha de se deslocar ao hospital, já usava o equipamento de proteção individual.
Enquanto o Estado de Emergência não tinha sido ainda decretado, Susete Simões conseguiu ajudar os colegas na USF Beira Saúde.
Depois de anunciado o Estado de Emergência, foi pior. Enquanto médica, sentia que não conseguia ajudar os colegas, os utentes, ninguém. Mas não baixou os braços e arranjou estratégias para auxiliar, à distância.
O Tiago já foi à primeira consulta, conduzida pela equipa que trabalha com Susete Simões, a enfermeira de família e a sua interna. Uma consulta bem diferente da primeira consulta da Mariana.
"Aquela reação que há de aproximarem-se para ver o bebé, não há. Acaba por ser muito triste por isso", afirma.
Os avós de Susete Simões têm cerca de 90 anos e, por esse motivo, ainda não deram as boas-vindas ao bisneto.
É esse é o grande desejo de Susete e de Ernesto Rocha, o pai.
Que se aguentem `firmes e hirtos` à Covid-19 para conhecerem o bisneto, é o que anseiam.