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Covid-19: ONU alerta que pandemia pode agravar fome no Zimbabué

LUSA
28-04-2020 16:23h

O Zimbabué, país onde milhões de pessoas enfrentam forte insegurança alimentar, poderá ver esta situação agravar-se com o progresso da pandemia da covid-19, dada a instabilidade económica e a dificuldade no fornecimento de alimentos, segundo as Nações Unidas.

De acordo com um relatório conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), do Programa Alimentar Mundial (PAM) e da organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), o país da África Austral é um dos “mais afetados pelas crises alimentares”.

O documento refere que mais de quatro milhões de pessoas em zonas rurais, cerca de um terço da população do Zimbabué, “necessitam de ação urgente”.

De acordo com o PAM, que assistia cerca de 3,5 milhões de pessoas antes da pandemia, mais de metade dos 15 milhões de habitantes do Zimbabué necessitam de assistência alimentar devido às secas, cheias e à crise económica zimbabueana.

No último ano, a economia do Zimbabué sofreu uma forte contração, com a inflação anual a ultrapassar os 600%. Entre os problemas enfrentados pelo país, encontra-se a falta de dinheiro, combustíveis, água potável, eletricidade e comida.

Atualmente, o país contabiliza pelo menos 31 casos de infeção de covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, mas as medidas de confinamento decretadas pelo executivo têm prejudicado setores da economia zimbabueana, em particular o informal.

O período de confinamento de cinco semanas decretado pelo Governo do Presidente Emmerson Mnangagwa termina na próxima semana.

De acordo com a representante da FAO Jocelyn Brown Hall, as medidas para a contenção da propagação do vírus “têm o potencial de impactar negativamente o sistema alimentar do Zimbabué, como através da restrição do acesso aos mercados a produtores e consumidores e do amadurecimento de alimentos nutritivos, como frutas e vegetais”.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 211 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 832 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 1.467 nas últimas horas, com 33.273 casos da doença registados em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

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