O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje que a pandemia de covid-19 expôs a fragilidade das sociedades, mas admitiu que esta pode ser uma oportunidade para reconstruir o mundo “para melhor”.
António Guterres considera que, se os governos trabalharem de forma concertada na luta contra desafios comuns, como a pandemia de covid-19 ou a emergência climática, a crise atual pode tornar-se uma oportunidade para melhorar o mundo em que vivemos.
Guterres falava durante uma reunião internacional sobre mudanças climáticas, que decorre em Berlim, na qual disse que a única resposta eficaz à crise sanitária atual é uma “liderança corajosa, visionária e colaborativa”.
“Essa mesma liderança é necessária para enfrentar a ameaça da iminente rutura climática”, acrescentou o secretário-geral da ONU, lembrando que a passada década foi a mais quente da história, desde que se iniciaram medições regulares.
Guterres pediu ainda à União Europeia para mostrar “liderança global”, apresentando planos atualizados de redução de emissões de carbono até final do ano, o que faria da Europa o primeiro continente neutro até 2050.
O líder da ONU disse que o grupo das 20 maiores economias emergentes (G20) responde por mais de 80% das emissões globais.
“O Acordo de Paris foi possível pelo envolvimento dos Estados Unidos e da China”, recordou Guterres, referindo-se ao tratado sobre o clima de 2015.
“Sem a contribuição dos grandes emissores, todos os nossos esforços serão condenados”, concluiu o secretário-geral da ONU.
“Estes são dias sombrios, mas não deixam de trazer esperança”, disse Guterres, remetendo para a janela de oportunidade que se abre, com esta crise sanitária.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 211 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Mais de 832 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.