A farmacêutica norte-americana Merck anunciou hoje que abandonou os planos para concluir a construção de um centro de investigação em Londres, num investimento de mil milhões de libras (1,16 mil milhões de euros), culpando as políticas do Reino Unido.
O grupo, também conhecido como MSD fora da América do Norte, explicou em comunicado que "já não planeia ocupar o terreno da Belgrove House em King's Cross", no centro de Londres, onde 800 pessoas trabalhariam a partir de 2027.
A Merck encerrará também as operações em dois laboratórios londrinos (dentro do London Bioscience Innovation Centre e do Francis Crick Institute) até ao final do ano, resultando na perda de aproximadamente 125 postos de trabalho.
Esta decisão "reflete as dificuldades que o Reino Unido tem enfrentado para lidar com a falta de investimento no setor das ciências da vida e a subvalorização geral de medicamentos e vacinas inovadores por parte dos sucessivos governos britânicos", explicou a Merck, confirmando uma notícia do Financial Times.
"Simplificando, o Reino Unido não é competitivo a nível internacional", destacou a empresa ao jornal financeiro.
Contactado pela agência France-Presse (AFP), um porta-voz do Governo britânico sublinhou que o executivo liderado por Keir Starmer está "preparado para apoiar os afetados" pela decisão da empresa, sem comentar diretamente o anúncio.
"O Reino Unido tornou-se o local mais atrativo do mundo para investir, mas sabemos que ainda há muito trabalho a fazer", acrescentou o porta-voz.
A decisão da MSD surge poucos meses depois de a gigante farmacêutica britânica AstraZeneca ter abandonado os planos de construir uma fábrica de vacinas de 450 milhões de libras (538 milhões de euros) na região de Liverpool devido à falta de apoio governamental suficiente.
As empresas farmacêuticas enfrentam há meses pressões de Donald Trump, que quer que invistam e produzam nos Estados Unidos.
A MSD é uma das 17 empresas a quem o Presidente dos EUA pediu que apresentassem "compromissos firmes" para reduzir os preços dos seus produtos nos Estados Unidos até 29 de setembro, sob pena de retaliação.