O primeiro-ministro de Cabo Verde disse hoje que a economia do país está a ser “fortemente atingida” e que é preciso a sua reformatação para poder ultrapassar a crise devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“A economia está fortemente atingida hoje e nas perspetivas de futuro próximo. Nós somos um país com uma forte dependência do turismo, e quem fala do turismo fala de uma cadeia de atividades associadas ao turismo. As nossas exportações, que são essencialmente de turismo, ficam particularmente atingidas a nível da atividade económica, das empresas, das receitas, do emprego, e temos que reformatar novamente a nossa economia para podermos sair desta crise”, disse Ulisses Correia e Silva.
O chede do Governo cabo-verdiano, que falava, a partir da cidade da Praia, na abertura de um encontro por videoconferência com os embaixadores e chefes de missão no exterior para analisar o impacto da covid-19 nas comunidades emigradas, avançou que “brevemente” vai apresentar um “programa de recuperação e relançamento da economia, de uma forma integrada, nas várias vertentes”.
O primeiro-ministro recordou as medidas excecionais já tomadas e ainda em vigor para proteção dos empregos, do rendimento, das famílias e das empresas, mas salientou que não são sustentáveis para períodos muito longos.
“Isto significa que vamos ter que retomar a atividade económica, vamos ter que saber conviver com o vírus, porque terminando o estado de emergência não significa a eliminação do vírus, vamos ter que fazer o relançamento da economia e da atividade económica”, insistiu.
Nas seis ilhas cujo estado de emergência terminou no domingo, Ulisses Correia e Silva disse que a atividade económica já começou, os serviços já estão a funcionar, bem como as empresas, embora ainda com “restrições fortes”, a nível do distanciamento social, de regras de proteção individual e dos transportes interilhas, que ainda continuam “bloqueados”.
“Para podermos ter o máximo de controlo possível sobre a situação da pandemia”, justificou o chefe do Governo, para quem o primeiro objetivo é “sobreviver” enquanto pessoas e sociedade à pandemia, para depois “relançar” a vida, embora “em moldes muito diferentes”.
Neste sentido, Correia e Silva salientou a importância da vertente externa do país, no que diz respeito aos investidores, mas também aos parceiros de desenvolvimento.
Na sua mensagem, o primeiro-ministro enalteceu a “mobilização muito forte de solidariedade” em todos as ilhas do país e deixou uma mensagem de “condolências e pêsames” às famílias dos mortos, particularmente nos Estados Unidos da América (EUA), onde os relatos são “mais duros”.
Os últimos números avançados à Lusa pelo cônsul-geral de Cabo Verde em Massachusetts, Hermínio Moniz, davam conta da morte de 18 cabo-verdianos nos EUA devido ao novo coronavírus.
Em Cabo Verde, o governante salientou que a maior preocupação está na ilha de Santiago (com 60 casos), particularmente, na cidade da Praia (57 casos), e na ilha da Boa Vista (53).
Nos próximos dias, Ulisses Correia e Silva adiantou que será feita uma avaliação para saber se haverá ou não prolongamento do estado de emergência nessas ilhas, sublinhando que esta é uma decisão do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, ratificada pelo parlamento.
Cabo Verde conta agora 114 casos de covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (60), da Boa Vista (53) e de São Vicente (01).
Um destes casos, um turista inglês de 62 anos – o primeiro diagnosticado com a doença no país, em 19 de março -, acabou por morrer na Boa Vista, enquanto outros dois doentes já foram dados como recuperados.
Desde 18 de abril que está em vigor um segundo período de estado de emergência em Cabo Verde, mantendo-se suspensas as ligações interilhas e a obrigação geral de confinamento, além da proibição de voos internacionais.
A declaração do atual estado de emergência prevê para as ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de covid-19, que permaneça em vigor até às 24:00 de 02 de maio.
Nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos diagnosticados, a prorrogação do estado de emergência foi mais curta e terminou em 26 de abril.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 211 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 832 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.