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Covid-19: Chega alerta para efeitos de “voltar atrás” no desconfinamento

LUSA
28-04-2020 15:32h

O deputado único do Chega advertiu hoje para os efeitos que “voltar atrás” no desconfinamento poderá ter a nível económico e de saúde pública e defendeu que “é importante não dizer uma coisa hoje e amanhã outra”.

André Ventura falava aos jornalistas no Infarmed, em Lisboa, no final de mais uma apresentação sobre a “Situação epidemiológica da covid-19 em Portugal”.

O líder demissionário do Chega afirmou que, durante a apresentação, questionou “qual é o ponto” em que Portugal terá de “voltar atrás e qual é o impacto que isso pode ter na vida das pessoas mas também da economia”.

“A economia não é uma ciência fixa, em que se abre e se fecha consoante se quer. Temos de perceber que o que decidirmos esta semana, se decidirmos o contrário daqui a duas semanas ou a três, podemos ter um efeito devastador na saúde dos portugueses mas também a nível do tecido económico”, alertou.

Para André Ventura, ainda há “muito trabalho a fazer” no sentido de perceber “se pode haver um critério com clareza que permita” decidir que é necessário voltar atrás.

“O que queremos é poder ter restaurantes de novo abertos, o mínimo de atividade económica aberta, circulação, vida social, mas isso tem de ser feito com ponderação”, defendeu, pedindo ao Governo que olhe “para os melhores exemplos” internacionais.

Do que ouviu no encontro com especialistas, o líder demissionário do Chega apontou que “ficou claro” que é necessário “retomar uma certa normalidade progressiva”, que passa pela reabertura da economia, não sem antes “estudar e perceber muito bem os passos” a dar para o fazer.

Quanto à não renovação do estado de emergência, o deputado considerou que existem “várias questões que têm de ser clarificadas” e defendeu que a declaração da situação de calamidade “para as pessoas vai ser uma mera mudança de estilo, não vai trazer nada de diferente”.

“E os políticos têm a responsabilidade de dizer às pessoas exatamente o que é que vai mudar”, vincou, pedindo que sejam explicadas as futuras restrições que poderão ser decretadas.

Ventura apontou ainda que vários “insuspeitos constitucionalistas” chamaram a atenção “de que medidas como a restrição de circulação ou mesmo outro tipo de restrições a direitos, liberdades ou garantias não podem ser feitos com o estado de calamidade”.

O deputado defendeu que “vão ser necessárias restrições à circulação” e questionou como é que isso será feito durante a situação de calamidade, apontando que existe “uma certa confusão” que espera ver clarificada na reunião que terá com o primeiro-ministro na quarta-feira.

“Era importante não dizermos hoje uma coisa e amanhã dizermos outra, e era importante hoje não dizermos aos portugueses que não vamos precisar do estado de emergência e daqui por 15 dias ou três semanas – Deus queira que não – a Assembleia da República esteja de novo reunido para declarar o estado de emergência, porque era o pior que podíamos fazer”, assinalou.

André Ventura questionou ainda “porque é que o Governo tem tanto interesse nesta altura em ter o estado de calamidade e não o estado de emergência”.

Quanto ao uso de tecnologia para “monitorizar a pandemia”, o líder do Chega defendeu “um modelo mais agressivo”, ainda que o quadro legal português “não permita”.

O Presidente da República anunciou hoje que o estado de emergência vai terminar à meia-noite do dia 02 de maio e que Portugal entrará numa fase de abertura por pequenos passos.

Portugal, que cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, contabiliza 948 mortos associados à covid-19 em 24.322 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje.

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