A Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais (LPDA) e a SOS Animal, em entrevista ao S+, referiram um aumento do número de abandonos de animais de companhia, consequência da covid-19, face ao período homólogo do ano passado. Já o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, afirma que “a nós, Ordem, não nos tem chegado um aumento de abandonos, agora, por causa do covid”.
O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, refere que “há muitos abandonos como já havia nos outros anos” sustentando a opinião de que o número não tem sido maior consequência da atual pandemia de covid-19.
O médico veterinário acrescenta ainda que o número de adoções, esse sim, tem vindo a aumentar.
Por outro lado, Sandra Duarte, presidente da SOS Animal, discorda, afirmando que “em relação à ordem, eu não sei em que dados é que o senhor bastonário se sustenta para ter essa opinião, no entanto, os centros de recolha oficial, a grande parte deles, estão lotados ou fechados por isso não estão a recolher, a DGAV (Direção-Geral de Alimentação e Veterinária) também não estará a recolher estes dados”.
A dirigente acusa ainda a ordem de não ter ouvido nenhuma das associações de proteção animal sobre este assunto. “Como a ordem não auscultou nenhuma associação de proteção animal sobre as suas necessidades ou dificuldades ou em relação a esses números, portanto, se calhar, será essa aí a falha para o senhor bastonário não ter esses dados”.
A presidente da SOS Animal sustenta a sua opinião de um maior número de abandonos mencionando contactos que tem tido com outras associações de norte a sul do país. As desculpas para o abandono de cães e gatos são várias.
Também Florbela Chaves, vice-presidente da LPDA, partilha da mesma opinião da colega ao relatar que desde finais de fevereiro e inícios de março a associação recolheu 23 cães, entre cachorros e adultos, nas zonas da Amadora, Lisboa e Oeiras.
A dirigente fala de um aumento que vai continuar nos próximos tempos, alertando também para o abandono de gatos que se tem vindo a sentir nas colónias de rua. “As pessoas deixam porque sabem que ali dão comida”, remata.
Em relação às adoções a opinião é unânime, têm aumentado, no entanto, fica o alerta para as decisões de ânimo leve, uma vez que “as pessoas para colmatarem alguma solidão, ansiedade e até vontade de ir à rua, muitas delas estão a recorrer à adoção sem pensar depois, como é que será quando retomarem as suas atividades normais” conta Sandra Duarte, acrescentando que o número de pedidos de adoções aumentou em cerca de 30%.
Florbela Chaves deixa ainda uma mensagem para todos os donos, destacando que há apoios para quem não consegue suportar financeiramente as despesas com os seus companheiros de quatro patas e que o ato de se desfazer de um animal de companhia quer dizer que este não é amado pela família à qual pertence.
“A ideia de se desfazer do animal, para nós, diz-nos sempre que é um animal que não é querido pelo seio familiar em que se insere”, disse.
À data, não há qualquer evidência científica de que os animais domésticos possam transmitir o novo coronavírus aos humanos.
Portugal contabiliza 928 mortos associados à covid-19 em 24.027 casos confirmados de infeção, segundo o boletim de segunda-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Das pessoas infetadas, 995 estão hospitalizadas, das quais 176 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou 1.329 para 1.357.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo já anunciou a proibição de deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 01 a 03 de maio.