O Presidente timorense disse hoje que foi essencial ampliar o estado de emergência para continuar a controlar os riscos de contágio da covid-19 e assim permitir ao Governo preparar o seu sistema de resposta.
Numa mensagem ao país, Francisco Guterres Lu-Olo, reconheceu, porém, que o estado de emergência está a ter um grande impacto na economia nacional e que, por isso, é essencial que o Governo dê apoios a trabalhadores, empresas e os habitantes mais vulneráveis.
“Precisamos ter coragem para declarar o estado de emergência porque queremos salvar as pessoas que é a maior riqueza que existe. As outras riquezas podemos recuperar, mas a vida humana não se recupera”, afirmou Lu-Olo.
A declaração do chefe de estado acontece um dia depois de decretar o prolongamento do estado de emergência durante mais 30 dias, até 27 de maio, medida que pedida pelo Governo e autorizada pelo parlamento.
Considerando que “não é fácil” declarar o estado de emergência, porque isso suspender vários direitos, liberdades e garantias, Lu-Olo disse que “o direito à vida é o mais importante” e que o Estado “tem o dever de proteger” a população.
O chefe de Estado recorda que as medidas implementadas, como o fecho de fronteiras a obrigação das pessoas ficarem em quarentena quando entraram no país, ajudou a detetar os casos.
Ainda assim, disse que a falta de condições nos locais de quarentena ou o comportamento de alguns das pessoas na quarentena levou a eventuais contágios nesses locais e que não se sabe se há mais gente ou não contaminada na comunidade.
“Porque ainda não temos testes em massa é difícil saber exatamente quantas pessoas já estão contaminadas pelo vírus corona”, afirmou.
“Precisamos de pensar com atenção e responder rapidamente ao risco de transmissão na comunidade. No caso de acontecer, as medidas de prevenção e controlo têm de ser rigorosas para salvar o nosso povo e os cidadãos estrangeiros que trabalham no nosso país”, afirmou.
Lu-Olo diz que é vital estudar as experiências de outros países, especialmente na região, para “não cometer os mesmos erros”, referindo que algumas nações pensaram estar já livres da doença, mas os casos voltaram a aumentar.
“Não podemos diminuir as medidas de prevenção e controlo. Porque a covid-19 ainda está no mundo e casos positivos continuam a aumentar, incluindo na vizinha indonésia, e porque há possibilidade de transmissão em Liquiçá e Díli”, afirmou.
“Caso encontremos alguns positivos temos de fazer testes a toda a comunidade e tomar medidas mais rigorosas como cercas sanitárias. Precisamos de aumentar o estado de emergência mais um mês para o Governo e entidades relevantes se puderem preparar melhor”, disse.
Francisco Guterres Lu-Olo considera que é especialmente difícil declarar o estado de emergência porque essa medida “afeta muito as famílias e o seu sustento, especialmente os que recebem rendimento de pequenos negócios”.
Empresários são afetados, ficando sem condições para pagar salários, o desemprego aumenta, há menos investimento e a “economia nacional é afetada”, sublinhou.
No caso de Timor-Leste e, ao contrário de outros países, não se optou pelo 'lock-down' mas por medidas menos restritas mas que podem ser revistas “dependendo da evolução da doença no país”.
Lu-Olo saudou os esforços da comunidade em ajudar os mais necessitados, agradeceu aos funcionários da linha da frente do combate à covid-19 e ao apoio de vários parceiros internacionais.
Enviou ainda mensagens de solidariedade para que está em quarentena e, particularmente, para os casos positivos que estão em isolamento.
Timor-Leste tem atualmente 22 casos ativos de covid-19.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 210 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Mais de 818 mil doentes foram considerados curados.