Ia bem encaminhada, a petição assinada por mais de 14 mil profissionais. Com o titulo “Enfermeiros – Pela criação de um estatuto oficial de profissão de desgaste rápido e atribuição de subsídio de risco”, foi lançada em Janeiro e, em poucos dias, superou todas as expectativas.
Foram ouvidos pela Comissão de Trabalho e Segurança Social no dia 5 de Março, apenas três dias depois da covid-19 se ter manifestado em Portugal. Chegaram a estar marcadas audições com grupos parlamentares mas, graças ao SARS-CoV-2, ficou tudo em suspenso. Foi a doença que colocou um travão nas negociações, mas foi também ela que reafirmou o papel decisivo e arriscado dos profissionais de saúde, neste caso, dos enfermeiros. Elementos indispensáveis das equipas de saúde mobilizadas para a linha da frente, já viram a profissão que escolheram ser reconhecida noutros países. Em Portugal, nada disso aconteceu, como explicou ao Canal S+, Eduardo Bernardino, um dos autores da petição.
Os enfermeiros, em plena pandemia, são dos profissionais mais infetados com covid-19. Eduardo Bernardino, que está na urgência do Hospital Garcia de Orta, fez-nos as contas e explica que o cansaço e número de horas trabalhadas, também podem fazer parte da equação. Quanto a razões para que os enfermeiros sejam infectados com o SARS-CoV-2, explica-nos que há doentes infetados mas assintomáticos, que precisam de cuidados hospitalares. O risco de contágio é grande, na opinião do enfermeiro.