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Covid-19: Dois migrantes feridos com disparos de bala na ilha grega de Lesbos

LUSA
23-04-2020 18:31h

Dois migrantes ficaram feridos na sequência de disparos na ilha grega de Lesbos após terem aparentemente violado o confinamento imposto para travar a propagação do novo coronavírus, informaram hoje fontes locais.

Os dois requerentes de asilo, um iraniano e um afegão, deram entrada na noite de quarta-feira na enfermaria do campo de acolhimento de refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, e apresentavam ferimentos de bala, relataram fontes do campo, sem especificar a possível origem dos disparos.

Os dois homens seriam posteriormente transportados para o hospital local, com as agências internacionais a avançarem que o estado clínico dos migrantes não é considerado grave.

Questionados pela polícia, os dois homens relataram que tinham tentado sair da zona do campo de refugiados de Moria, caracterizado como um dos piores no mundo, onde vivem em condições consideradas como desumanas cerca de 18.300 pessoas, seis vezes mais do que a sua capacidade.

Na quarta-feira, centenas de requerentes de asilo, a maioria cidadãos de países africanos, protestaram junto das instalações do campo para exigir a sua saída daquela ilha, de forma a evitar a propagação da doença covid-19 naquele espaço.

Segundo os migrantes, um foco da doença naquele campo será “equivalente à morte".

No primeiro trimestre deste ano, o governo grego transferiu 10 mil pessoas consideradas como vulneráveis dos campos de acolhimento sobrelotados, também conhecidos como 'hotspots', nas ilhas gregas no mar Egeu (Lesbos, Samos, Chios, Leros e Kos) para instalações na Grécia continental.

Mas no mês corrente, apenas foram realizadas 627 transferências.

Várias organizações não-governamentais (ONG) de defesa dos direitos humanos, como é o caso da Human Rights Watch, têm apelado ao executivo helénico para descongestionar “imediatamente” os campos nas ilhas perante uma potencial e dramática crise sanitária.

Um grupo de 2.380 pessoas devia ser transferido das ilhas para o território continental grego na próxima semana, mas, segundo afirmou hoje o porta-voz do governo, Stelios Petsas, a operação “foi adiada e será realizada de forma gradual mais tarde".

Este adiamento, segundo precisou o porta-voz, está relacionado com o prolongamento até 04 de maio do confinamento geral imposto há um mês naquele país para travar a propagação do novo coronavírus.

Na Grécia continental já foram identificados casos de covid-19 em dois campos e num hotel de acolhimento de migrantes.

Neste último caso, conhecido esta semana, 150 pessoas foram diagnosticadas com o novo coronavírus.

Até à data, nenhum caso foi sinalizado nos campos nas ilhas gregas, onde as autoridades ainda não organizaram testes de despistagem da covid-19.

O país é dos menos afetados pela pandemia na Europa, com cerca de 2.400 casos de infeção e 121 mortes associadas à covid-19, de acordo com os números oficiais.

A nível global, o novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou perto de 184 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Cerca de 700 mil doentes foram considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

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