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Treze pessoas detidas após quinta noite consecutiva de distúrbios nos subúrbios de Paris

LUSA
23-04-2020 13:43h

Treze pessoas foram detidas durante a noite passada nos subúrbios de Paris, após o registo de novos distúrbios em vários locais da periferia da capital francesa pela quinta noite consecutiva, indicaram hoje fontes policiais.

Estes incidentes estão a ocorrer em pleno período de confinamento decretado pelo governo francês por causa da pandemia do novo coronavírus.

Em França, as medidas de confinamento irão prolongar-se pelo menos até 11 de maio.

Fontes policiais francesas citadas pela agência espanhola EFE informaram que cinco das 13 detenções ocorreram em Clamart devido à posse de engenhos incendiários.

As mesmas fontes referiram que os incidentes registados em Clamart, na periferia sudoeste de Paris, foram “esporádicos e pouco intensos”.

Já em Champigny sur Marne, outra localidade nos arredores de Paris, uma esquadra da polícia foi atingida por vários petardos, mas sem registo de feridos ou danos materiais.

Em Gennevilliers, igualmente na periferia da capital francesa e onde uma escola primária foi incendiada numa noite anterior, foram apreendidos cerca de 15 engenhos incendiários.

Os distúrbios noturnos dos últimos dias estão a ser registados sobretudo no departamento de Hauts-de-Seine, a noroeste de Paris, onde no sábado passado, na localidade de Villeneuve-la-Garenne, um motociclista, que circulava sem capacete, ficou ferido depois de embater contra um carro da polícia descaracterizado.

Após este incidente, vídeos e informações começaram a circular nas redes sociais, acusando e apontado responsabilidades às forças de segurança, que rejeitaram, entretanto, qualquer erro policial.

A polémica acabou por gerar vários incidentes na periferia de Paris, com o registo, por exemplo, de veículos, mobiliário urbano e caixotes do lixo incendiados.

Numa entrevista televisiva, o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, relativizou hoje os incidentes, argumentando que estes acontecimentos se devem, em parte, às duras condições do confinamento que o país atravessa.

“São pequenos grupos que acham que é divertido atacar as forças policiais, incendiar caixotes do lixo. Mas não é divertido, é perigoso, a começar para eles mesmos", afirmou Christophe Castaner ao canal BFMTV.

Segundo o ministro, várias razões podem explicar estes tumultos, nomeadamente “a dureza do confinamento” para os jovens, “uma vez que a maioria são jovens”, e “a pobreza” que afeta as respetivas famílias, “que pode provocar a raiva".

O ministro do Interior francês insistiu, porém, que a reação não pode ser “a destruição nem o incendiar do carro do vizinho”, avisando que as forças de segurança vão continuar a intervir “de forma sistemática”.

Em declarações proferidas na quarta-feira na Assembleia Nacional (parlamento), o diretor-geral da Polícia Nacional, Frédéric Veaux, já tinha tentado minimizar a situação, referindo que, em termos estatísticos, o número de incidentes é inferior ao registado no ano passado.

Embora mereçam ser condenados, segundo referiu Frédéric Veaux, os recentes incidentes "não são de uma gravidade excecional”.

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