A líder parlamentar do PAN advertiu hoje que os seguros dos bombeiros voluntários não abrangem doenças contagiosas, como a covid-19, e estimou que a solução pode passar pelo fundo de proteção social para estes operacionais.
Em declarações à agência Lusa no final de uma reunião (por videochamada) com a Associação Portuguesa dos Bombeiros Voluntários (APBV), a líder parlamentar do PAN assinalou que os seguros não cobrem questões relacionadas com a pandemia provocada pelo novo coronavírus, e salientou que isso seria importante “não tanto no acesso ao tratamento mas na possibilidade de haver alguma sequela”.
Apontando que já “existe um fundo social” para proteção dos bombeiros e das suas famílias, que cobrem os acidentes em serviço, Inês Sousa Real defendeu que “seria importante pensar da mesma forma nesta pandemia”.
“Parece-nos que tem de se pensar se o fundo social não poderá dar resposta” aos bombeiros, acrescentou, propondo também que seja “pensado e articulado com as autarquias quais os meios de resposta para estas situações”.
No final de março, a APBV manifestou-se preocupada por o seguro dos operacionais que estão a responder à pandemia do novo coronavírus “não incluir a contaminação por doenças infetocontagiosas”.
Por isso, endereçou um ofício à tutela “onde descreve a sua grande preocupação relativamente salvaguarda da saúde e das vidas dos operacionais dos bombeiros voluntários”.
A líder do grupo parlamentar defendeu igualmente uma “maior capacidade de testar, para perceber se não existe perigo de contágio quando estes homens e mulheres voltam ao trabalho”, e que seja garantido pelo Estado o equipamento de proteção individual adequado para estes operacionais usarem em serviço.
Observando que brevemente tem início o período de incêndios florestais, Inês Sousa Real defendeu “um planeamento concertado” devido à pandemia, para assegurar a proteção dos bombeiros.
“Todas as corporações têm de ser ouvidas, sejam profissionais ou voluntárias, para sabermos com o que podemos contar no combate aos incêndios”, salientou, insistindo que os bombeiros voluntários devem ser representados no Conselho Nacional de Bombeiros.
O PAN esteve hoje reunido, também por meio digital, com a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social e criticou o facto de os “trabalhadores destas instituições não estarem a ser encarados como de serviços essenciais”.
Na ótica da líder parlamentar, isto “significa que depois não tem acesso a equipamento de autoproteção que está a ser dado a outras áreas”.
“É muito relevante esta questão”, advogou, pedindo que seja “dado um enfoque maior à resposta dada pelo setor terciário e o apoio às pessoas idosas”.
Na sequência destas reuniões, o partido vai questionar o Governo sobre as questões suscitadas, adiantou a deputada.
Portugal regista 735 mortos associados à covid-19 em 20.863 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março.