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Covid-19: Inaugurada em Bissau "Feira Anti-Coronavírus"

LUSA
20-04-2020 15:11h

A capital da Guiné-Bissau conta a partir de hoje com o primeiro mercado em que se pretende que os feirantes cumpram as distâncias recomendadas pelas autoridades sanitárias para evitar o contágio pelo novo coronavirus.

O mercado, batizado como "Feira Anti-Coronavírus", vai funcionar das 07:00 às 11:00 de Bissau, no campo de jogos do bairro de Ajuda e, de acordo com a coordenadora da Rede de Paz e Segurança de Mulheres da África Ocidental (Rempsecao), Elisa Pinto, vai permitir que os feirantes não se aglomerem nos outros locais de compra e venda.

O novo mercado resulta da transferência dos feirantes que operavam nos mercados do Caracol e na Subida da Cabana, dois dos principais centros de negócio informal na capital guineense e que as autoridades sanitárias apontavam como potenciais focos de infeção pela covid-19.

Com a abertura da "Feira Anti-Coronavírus", uma iniciativa da Câmara Municipal de Bissau, mas abraçada por várias organizações da sociedade civil, Elisa Pinto acredita que "os feirantes passarão a não se amontoar entre si no momento da compra e venda" dos produtos.

Naquela feira é possível comprar carne, peixe, fruta e legumes.

A feita tem círculos no chão, feitos com cal, diante das bancas, mas os sinais não estavam a ser respeitados entre os feirantes.

Em várias ocasiões, os ativistas sociais tiveram que intervir em pleno momento de negócio para indicar aos feirantes quais as distâncias que devem manter entre si.

"As regras não estão a ser respeitadas porque a população não tem conhecimento dessas normas. Estamos a fazer dupla ação, organizar e sensibilizar para que as pessoas aceitem cumprir as normas", observou Elisa Pinto.

A Rempsecao terá de forma permanente, durante os próximos 15 dias, uma equipa de ativistas para trabalhar com jovens da associação de moradores do bairro de Ajuda em sensibilização dos feirantes.

Além de os ensinar a posicionarem-se no momento da compra e venda de produtos, os feirantes serão também orientados para a lavagem das mãos ao entrarem ou saírem do mercado, ao mesmo tempo que são sensibilizados, através de megafones, sobre o uso das máscaras.

Em todos os pontos de acesso ao mercado, são visíveis recipientes com água, sabão e lixívia, bem como portões improvisados de entrada e saída "para evitar que os feirantes se encontrem", frisou Elisa Pinto.

Se, dentro de 15 dias os utentes da "Feira Anti-Coronavírus" tiverem as regras apreendidas, os ativistas sociais contam mudar para outro mercado de Bissau, levando a mesma organização e sensibilização.

A Guiné-Bissau regista até hoje 50 casos de contaminação por covid-19, três dos quais já foram dados como curados.

No âmbito do combate à pandemia, as autoridades do país declararam o estado de emergência, até 26 de abril, encerraram fronteiras aéreas, marítimas e terrestres, paralisaram transportes urbanos e suburbanos e impuseram uma série de limitações e restringiram a circulação de pessoas ao período entre as 07:00 e as 12:00.

África regista um total de 1.119 mortos e um aumento de infeções de 21.096 para 22.275 registados em 52 países, segundo a última atualização do boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné Equatorial lidera em número de infeções (79), seguida de Cabo Verde (67 casos e uma morte), Guiné-Bissau (50) Moçambique (35), Angola (24 infetados e dois mortos) e São Tomé e Príncipe continua sem casos, após uma primeira identificação de quatro casos positivos que não foram confirmados na segunda análise.

A nível global, segundo um balanço da agência noticiosa France-Presse, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.

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