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Covid-19: Presos da África do Sul exigem liberdade condicional

LUSA
20-04-2020 15:07h

Presos sul-africanos iniciaram hoje um movimento de protesto nas prisões do país a exigirem liberdade condicional, a fim de que se evite a propagação do novo coronavírus, segundo uma organização não-governamental (ONG).

De acordo com o último relatório dos serviços prisionais, até à data foram registados 99 casos de infeção pela covid-19 em quatro prisões sul-africanas, dos quais 56 eram reclusos e 25 guardas prisionais apenas no centro penitenciário de East London (sul do país).

Até agora o país regista 3.200 casos de infetados e 54 mortes.

"Exortámos os detidos a iniciar um movimento nacional de protesto pacífico", disse à agência de notícias francesa France-Presse (AFP) Miles Bhudhu, da Organização Sul-Africana de Direitos Humanos para Prisioneiros (SAPOHR, na sigla em inglês).

Segundo Bhudhu, os detidos decidiram recusar algumas das suas refeições.

A ONG exige a libertação antecipada dos detidos menos perigosos, incluindo os doentes, os com mais de 60 anos e os condenados pela primeira vez por pequenos delitos.

Há aproximadamente 160.000 reclusos na África do Sul em 243 estabelecimentos prisionais.

"O vírus representa uma grave ameaça em celas sobrelotadas, sujas e não higiénicas", advertiu a SAPOHR, considerando que o novo coronavírus "pode propagar-se ali à velocidade de um incêndio florestal alimentado por ventos fortes".

A administração prisional declarou à AFP que abriu um inquérito contra a ONG por "incitamento à revolta contra o Estado".

"Trata-se de uma iniciativa irresponsável e perigosa, de que não precisamos", lamentou o seu porta-voz, Singabakho Nxumalo, acrescentando: "O Estado não vai abrir as portas das suas prisões, seria um desastre para o país".

Nxumalo recordou que a administração pôs em prática medidas de isolamento para evitar qualquer propagação.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

O número de infetados pela covid-19 em África subiu para 22.275, dos quais 5.489 recuperaram da doença, registando-se já 1.119 mortos, revelou hoje o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

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