As empresas portuguesas são o maior empregador privado guineense e estão conscientes da sua responsabilidade com a Guiné-Bissau, apesar do impacto do combate à covid-19, disse hoje à Lusa a Associação Empresarial Portuguesa naquele país.
"Há, sem dúvida, um grande número de empresários portugueses desalentados com esta situação", afirmou à Lusa Fernando Machado, presidente da direção da Associação Empresarial Portuguesa na Guiné-Bissau.
Mas, segundo Fernando Machado, apesar do desalento, os empresários portugueses têm noção que representam o maior empregador privado no país e também do que representam "para muitas famílias que, de alguma forma, deles dependem".
"Conscientes desse peso e dessa responsabilidade social temos feito tudo para continuar a apoiar as famílias guineenses e no fundo o próprio país, sacrificando muitas vezes interesses pessoais", salientou Fernando Machado.
Fernando Machado sublinhou também que muitos empresários portugueses já "sofreram experiências trágicas" na Guiné-Bissau e que continuaram no país.
"Há uma característica que nos define bem, a nós portugueses: a solidariedade", disse.
O presidente da direção da Associação Empresarial Portuguesa na Guiné-Bissau garantiu também que os portugueses vão continuar a apoiar o país.
"Continuaremos a dizer presente, como aliás sempre fizemos mesmo nos momentos mais difíceis", afirmou.
A Guiné-Bissau regista até hoje 50 casos de contaminação por covid-19, três dos quais já foram dados como curados.
No âmbito do combate à pandemia, as autoridades do país declararam o estado de emergência, até 26 de abril, encerraram fronteiras aéreas, marítimas e terrestres, paralisaram transportes urbanos e suburbanos e impuseram uma série de limitações e restringiram a circulação de pessoas ao período entre as 07:00 e as 12:00.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou já a covid-19 como uma "crise sem precedentes" para o continente africano, prevendo uma diminuição do rendimento ?per capita' em 3,9%.
A diretora-nacional do Banco Central dos Estados da África Ocidental para a Guiné-Bissau, Helena Nosolini Embaló, afirmou à Lusa que o "choque" económico da crise sanitária no país pode ser mais profundo do que em outros países da sub-região.
As autoridades guineenses também admitem que o país poderá perder 1,5% do Produto Interno Bruto e o equivalente a 40 milhões de euros em pagamentos ao Tesouro Público.
A Associação Empresarial Portuguesa da Guiné-Bissau representa 70% do volume de negócios de empresários e empresas portuguesas no país.