O presidente do município da cidade de Maputo, Eneas Comiche, foi o primeiro caso de internamento por covid-19 em Moçambique, disse hoje o autarca, numa declaração pública.
"Eu fui, certamente, o primeiro caso de internamento de um infetado pela covid-19", disse Eneas Comiche, num comunicação no Conselho Municipal de Maputo.
As autoridades de saúde moçambicanas nunca admitiram a existência de internados desde o anúncio do primeiro caso, a 22 de março, avançando sempre que os doentes permaneciam em isolamento domiciliar por não apresentarem uma sintomatologia grave.
Mas hoje, Eneas Comiche e a sua mulher, Lúcia Comiche, disseram que foram os primeiros dois casos de covid-19 no país e o presidente do Conselho Municipal da cidade de Maputo foi internado no Instituto do Coração, enquanto Lúcia Comiche esteve em isolamento domiciliar.
"A covid-19 é real e não escolhe raça, sexo nem posição social", afirmou Comiche, acrescentando que efetuou três testes desde que teve alta e todos se revelaram negativos.
"Tanto eu como a minha mulher estamos recuperados e bem", declarou o presidente do município.
O autarca da cidade de Maputo terá sido infetado a 13 do março num evento em Londres, onde manteve contactos com o príncipe do Mónaco, Albert II, que teve também teve um resultado positivo para a covid-19.
Eneas Comiche apelou às autoridades de saúde para um "tratamento mais humanizado" aos doentes, criticando uma alegada morosidade que enfrentou para a obtenção dos resultados.
"Não é correto sermos tratados como números. Sem informação direta aos interessados e sem uma palavra de aconselhamento. O cidadão testado tem o direito de ser informado em primeira mão sobre os resultados dos testes realizados", afirmou.
Do total de 39 casos anunciados oficialmente em Moçambique, além do presidente do Conselho Municipal de Maputo e a sua mulher, mais seis pessoas se recuperaram desde o anúncio do primeiro caso.
África regista um total de 1.055 mortos e um aumento de infeções de 19.895 casos para 21.096 registados em 52 países, segundo a última atualização do boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné Equatorial lidera em número de infeções (79), seguida de Cabo Verde (58 casos e uma morte), Guiné-Bissau (50) Moçambique (35), Angola (24 infetados e dois mortos) e São Tomé e Príncipe continua sem casos, após uma primeira identificação de quatro casos positivos que não foram confirmados na segunda análise.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 164 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 525 mil doentes foram considerados curados.