O economista guineense Paulo Gomes vai liderar uma equipa da União Africana para mobilizar recursos financeiros para compra de material sanitário para o continente fazer face à pandemia do novo coronavírus, disse hoje o próprio à Lusa.
Antigo administrador do Banco Mundial para 25 países africanos e antigo candidato à presidência da Guiné-Bissau, Paulo Gomes vai, juntamente com outras personalidades africanas, tentar mobilizar "nos próximos dias" um fundo de 400 milhões de dólares (366,7 milhões de euros).
O dinheiro servirá para comprar luvas, máscaras e material de proteção para os técnicos de saúde.
"A ideia é comprar tudo junto, no mercado chinês ou em países africanos" que possam fabricar aqueles equipamentos e entregá-los à União Africana e ao CDC (Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, em sigla inglesa) que, por sua vez, farão a distribuição para os 54 países africanos, assinalou Paulo Gomes.
Uma semana após o lançamento, o fundo já mobilizou cerca de 30 milhões de dólares (27,5 milhões de euros), através das contribuições do Egito e do Quénia.
Paulo Gomes aponta os bancos, as seguradoras, o setor privado, os fundos financeiros e estados africanos como potenciais financiadores da iniciativa que carateriza de "ação genuinamente africana e solidária".
O economista guineense disse que se revê "em mais uma iniciativa pan-africana" por acreditar que África "deve abandonar o estado de espírito de ter de pedir dinheiro aos outros sempre que confrontado com problemas do género", notou.
"Certamente esta não será a única pandemia que o mundo enfrentará nos próximos tempos, dai que temos que criar condições para que África possa fabricar medicamentos, equipamentos de saúde no futuro", defendeu Paulo Gomes.
Mas, frisou que o grande desafio será "criar vacinas que servem as características da população africana", sublinhou Gomes, que aplaude e deixa reticências em relação aos apoios que o continente tem recebido no combate à pandemia da covid-19, nomeadamente da parte do bilionário chinês, Jack Ma.
"Fico sempre nervoso, enquanto africano, quando vejo a nossa dependência em relação a uma entidade, sabendo-se das capacidades e recursos que o nosso continente tem", observou Paulo Gomes.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 124 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 413.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África é de 874 com mais de 16 mil casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.