A Associação Portuguesa de Hotelaria Restauração e Turismo (APHORT) incitou hoje a Câmara Municipal do Porto a reverter o valor das taxas de turismo a favor do hospital de campanha criado no Pavilhão Rosa Mota para combater a pandemia.
"No âmbito da recolha pública de angariação de fundos para o Hospital de Campanha do Porto que está a ser promovida, a APHORT convida o presidente da Câmara Municipal do Porto [Rui Moreira] a aplicar, nesse mesmo projeto, a quantia que a autarquia irá receber proveniente da cobrança da taxa municipal de turismo, relativa aos meses de fevereiro e março, e da taxa municipal de esplanada, relativa ao ano de 2020”, refere a associação em comunicado de imprensa divulgado hoje.
A Câmara Municipal do Porto cobra desde 01 de março de 2018 uma taxa de dois euros por dormida aos visitantes que pernoitam no concelho, valor que é aplicado a hóspedes com mais de 13 anos, num máximo de sete noites seguidas.
Em 2018, a autarquia do Porto arrecadou 10,4 milhões de euros e contabilizou 5,2 milhões de dormidas, valor que subiu em 2019 para os 15,1 milhões de euros, montante que ainda não incluía a receita correspondente ao mês de dezembro, avançava à Lusa, na altura, o vereador da Economia, Turismo e Comércio da Câmara Municipal do Porto, Ricardo Valente.
“Tendo em conta que a cobrança dessas taxas aos hotéis e restaurantes da cidade não foi suspensa, nem alvo de qualquer tipo de moratória, e numa altura em que a maioria dos hotéis do Porto se encontra de portas fechadas e os poucos restaurantes em atividade se viram obrigados a encerrar as suas esplanadas, por deliberação da própria Câmara, consideramos que esta nossa proposta seria uma medida justa e a forma mais adequada do turismo poder dar um contributo significativo à cidade”, defendeu o presidente da APHORT, Rodrigo Pinto de Barros.
O presidente da APHORT conta ainda que no início da crise no setor do turismo relacionada com a pandemia da covid-19 e para preservar empregos, a associação chegou mesmo a sugeriu ao município a “suspensão das taxas municipais, no âmbito de um pacote de medidas de apoio prioritárias para as empresas turísticas”.
“Esta proposta não chegou, contudo, a recolher a sensibilidade do município, sendo as suas razões desconhecidas para a APHORT”, refere Rodrigo Pinto Barros, incentivando a Câmara do Porto a “indicar o valor auferido através dessas taxas municipais” e apelando a que esse montante se reverta “a favor da proteção da saúde de todos os portuenses, através do projeto do Hospital de Campanha”.
“Esse valor poderá ser considerado como o contributo das empresas de turismo da cidade para a infraestrutura de apoio à saúde criada no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota”, acrescentou o presidente da APHORT, associação nacional com sede no Porto e que conta com cerca de cinco mil associados.
O hospital de campanha Porto., instalado no pavilhão Rosa Mota, junto ao Jardim do Palácio de Cristal, começou a funcionar na terça-feira com 320 camas, destinando-se a doentes infetados com o novo coronavírus, assintomáticos ou com sintomas ligeiros, mas sem possibilidade de isolamento no domicílio.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 124 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 413.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.