O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai fornecer 230 milhões de dólares em ajuda de emergência ao Burkina Faso e ao Níger para ajudar estes países a enfrentarem a pandemia da covid-19, anunciou a instituição.
"A pandemia da covid-19 está a ter um impacto económico profundo e pronunciado no Níger e os riscos são significativos", disse o dirigente do FMI Geoffrey Okamoto, citado num comunicado do Fundo, no qual se anuncia a disponibilização de 114,5 milhões de dólares [105 milhões de euros].
"O abrandamento económico, as pressões orçamentais e a degradação das condições financeiras estão a originar grandes lacunas de financiamento para as finanças públicas e na balança de pagamentos do Níger este ano", acrescentou o responsável.
As verbas serão entregues ao abrigo da Facilidades de Crédito Rápido, que permite "cobrir uma parte importante das lacunas de financiamento, assim apoiando a implementação do plano contra a crise", diz o FMI, salientando, ainda assim, que "o apoio adicional da comunidade internacional continua a ser indispensável".
No caso do Burkina Faso, que recebeu um apoio de 115 milhões de dólares, equivalente a 105 milhões de euros, o FMI explica que "o impacto económico da pandemia está a desenvolver-se rapidamente, com a perspetiva de evolução de curto prazo a degradar-se com rapidez".
O país "já estava em dificuldades devido à crise de segurança", reconhece o FMI, notando que "apesar de as medidas de isolamento social serem absolutamente necessárias para conter a pandemia, a resposta piorou significativamente a perspetiva económica, com o crescimento económico a abrandar de forma rápida e os défices orçamental e da balança de pagamentos a alargarem-se significativamente".
Estes dois países já beneficiaram da iniciativa anunciada na semana passada de suspensão dos pagamentos da dívida a 25 países, pelo que esta é uma ajuda adicional para lidarem com a crise.
Na segunda-feira, lembra a agência de informação francesa AFP, o FMI já tinha anunciado uma ajuda de emergência de mil milhões de dólares para o Gana e outra de 442 milhões de dólares para o Senegal.
O Fundo, que na terça-feira publicou as suas primeiras previsões oficiais sobre o crescimento global desde o início da pandemia, estima que a África subsaariana vá enfrentar a sua primeira recessão económica nos últimos 25 anos, sendo a mais pronunciada de sempre, com uma queda de 1,6% do PIB da região.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 124 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 413.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.