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Covid-19: Oposição da Guiné Equatorial quer luta conjunta com Governo e sociedade

LUSA
15-04-2020 10:57h

O partido da Convergência para a Democracia Social (CPDS, oposição) da Guiné Equatorial defendeu hoje um acordo entre Governo, partidos e sociedade civil para o combate à covid-19, após criticar a forma como o executivo está a enfrentar a pandemia.

Em comunicado, o CPDS recordou que apoiou as medidas decretadas pelo Governo em 15 de março, no âmbito da declaração de estado de emergência nacional, como o fecho da atividade escolar, religiosa e outras não essenciais, bem como a promoção do confinamento da população nas suas casas.

Para este partido, um mês depois só se viveu sofrimento.

E recordou que, por considerar insuficientes as medidas anunciadas, o CPDS apresentou dias depois um documento com 19 medidas para o Governo estudar e avaliar como poderia aplicar.

Entre estas medidas, o partido da oposição equato-guineense defendia que o Governo ordenasse à companhia elétrica SEGESA que aplicasse uma moratória no pagamento das faturas de luz às famílias que, como consequência desta pandemia, não pudessem realizar os pagamentos”.

Esta medida não só ajudaria as famílias mais prejudicadas pelo confinamento, como também contribuiria para evitar os aglomerados de pessoas nas instalações da SEGESA para pagarem as suas faturas. Como se sabe, os contactos físicos múltiplos são outro aliado da propagação do novo coronavírus”, lê-se na nota do CPDS.

Apesar disso, prossegue o partido, “o Governo não só ignorou essa proposta durante 21 dias, como também violou de forma imprudente o seu próprio decreto”.

Segundo o CPDS, a população guineense seguiu “estupefacta” uma reportagem transmitida hoje pela Equatorial Guinea Television sobre um aglomerado de pessoas junto à sede da SEGESA, em Malabo, que tentavam evitar a sobretaxa do pagamento em atraso.

Sobre as propostas que o partido fez chegar ao Governo, afirma que este “nem sequer teve a cortesia de acusar a sua receção” e que está, “de forma tímida e errática, a tentar pôr em marcha algumas dessas medidas, como a colocação de depósitos de água em zonas onde esta escasseia”.

Na terça-feira, durante a mensagem do Governo a prorrogar a validade do estado de emergência, transmitida pela TVGE, a SEGESA é obrigada a não cortar a eletricidade aos seus clientes durante o mesmo período, uma vez que “nenhum cidadão pode deslocar-se para pagar as suas contas de eletricidade".

“Por outras palavras, a adoção desta medida pelo Governo não se deve a razões humanitárias ou a favorecer famílias em tempos tão difíceis, mas sim à proibição de sair para a rua. O CPDS sugeriu a medida devido à necessidade de apoiar a população e aliviar o peso das suas despesas numa altura em que muitos não recebem qualquer rendimento do confinamento”, refere a nota do partido.

O CPDS levanta ainda dúvidas sobre a proibição das pessoas circularem nas ruas, tendo em conta que o seu fraco rendimento não permite o armazenamento de comida em casa.

Quando o CPDS apoiou a medida do confinamento total da população contava com que o governo desbloqueasse fundos suficientes para a satisfação das necessidades mais urgentes.

Com vista a um combate mais eficaz da pandemia, o CPDS “estende a mão” ao Governo e propõe um encontro com os partidos políticos e as organizações da sociedade civil para “estudar como implementar as medidas decretadas pelo executivo e as propostas” da oposição.

“Quanto mais unidos estivermos todos, mais fácil será salvar o país de esta perigosa pandemia”, conclui o comunicado.

A Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tem confirmados 21 casos positivos de infeção.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Dos casos de infeção, cerca de 402 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África ultrapassava na terça-feira as 800 com mais de 15 mil casos registados em 52 países.

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