O PCP criticou hoje o fecho da "quase totalidade" das extensões e o cancelamento das consultas nas sedes dos centros de saúde do Baixo Alentejo devido à covid-19, o que "priva" a população de cuidados de saúde primários.
A critica surge numa pergunta que os deputados do PCP João Dias e Paula Santos dirigiram à ministra da Saúde, Marta Temido, a pedir esclarecimentos sobre a decisão da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) de fechar "a quase totalidade das extensões por tempo indeterminado" e cancelar "todas as consultas nas sedes" dos centros de saúde da região.
Na pergunta, hoje enviada à agência Lusa, os deputados referem que fecharam também as extensões "onde existem condições para atendimento dos utentes em segurança" e podem "ser criadas salas de isolamento ou áreas diferenciadas" para atendimento de suspeitos de infeção pelo novo coronavírus que provoca a doença covid-19.
A decisão da ULSBA "vem privar os utentes do acesso a cuidados de saúde de proximidade", sobretudo numa região onde a população é envelhecida e tem "fracos recursos económicos" e "dificuldades de deslocação" devido a uma rede de transportes públicos que "não responde às necessidades".
Por outro lado, frisam os comunistas, muitos dos utentes da região são "de risco, em função da idade, mas também de diversas patologias", e são obrigados a fazer deslocações "mais longas e mais arriscadas, aumentando mesmo a sua concentração nas sedes de concelho".
Segundo os deputados, no atual momento de combate à pandemia, "ainda é mais necessário garantir e assegurar o funcionamento adequado das extensões de saúde, naturalmente com adoção de medidas sanitárias de prevenção e proteção do contágio no interior das instalações, até como forma de evitar concentrações e deslocações desnecessárias e prolongadas dos utentes às sedes de concelho".
"A verdade é que todas as outras doenças, crónicas, agudas e urgentes, não estão de quarentena" e é "elevado o número de pessoas, maioritariamente idosas, que continuam a precisar de vigilância médica e de enfermagem", o que "vai muito para além do receituário, e que "ficam sem atendimento" com a decisão da ULSBA de fechar extensões e de cancelar consultas, alertam.
Os deputados frisam que "a população está adicionalmente preocupada" com o fecho das extensões, porque "receia que seja definitivo" em "muitas" delas devido "à falta de médicos" nos centros de saúde.
Os deputados querem saber como o Governo justifica o fecho e que "medidas urgentes" vai tomar para assegurar o funcionamento das extensões de saúde do Baixo Alentejo e se "não entende que a decisão deixa ainda mais exposta ao contágio da covid-19 uma população frágil".
Os deputados também querem saber se o Governo entende que um número de telefone e um endereço de correio eletrónico "são as respostas adequadas para quem precisa de vigilância médica e de enfermagem" e tendo em conta que "muitos utentes, pela sua iliteracia, não possuem telemóvel ou internet".
A situação também já levou a câmara e as juntas e uniões de freguesia de Serpa a enviarem um documento a várias entidades, como Presidente da República e primeiro-ministro, a exigir a reabertura das extensões de saúde no concelho.
Segundo as autarquias, devido ao fecho das extensões, o acesso aos cuidados de saúde primários está "a ser dificultado, e mesmo vedado", a uma "grande parte da população, nomeadamente aos mais vulneráveis", como idosos e portadores de morbilidades.
Por isso, as autarquias consideram "inaceitável" a decisão tomada "de forma unilateral" pela ULSBA e defendem a necessidade de reabertura e manutenção em funcionamento de todas as extensões de saúde no concelho.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde (DGS), registam-se 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).
No Alentejo, segundo a DGS, há 155 casos de infeção confirmados e ainda não se registou qualquer morte por covid-19.