As autoridades na Guiné-Bissau pediram hoje aos alfaiates e artesão para fazerem máscaras no âmbito da prevenção do novo coronavírus, porque o país poderá ter dificuldades em garantir a sua compra.
"Aproveito a ocasião para apelar aos alfaiates e artesãos a produzirem máscaras de defesa da cara, para ser usado, uma vez que por fatores sobejamente conhecidos, o Governo poderá vir a ter dificuldades em garantir a sua compra a partir do exterior", referiu Nuno Nabian, nomeado primeiro-ministro pelo autoproclamado Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.
Nuno Nabian publicou a mensagem após a realização de um Conselho de Ministros extraordinário na sequência do prolongamento do estado de emergência no país até 26 de abril.
Na mensagem, Nuno Nabian agradeceu também a todos os que têm ajudado no combate à covid-19.
As autoridades de saúde da Guiné-Bissau elevaram hoje para 40 o número de casos de covid-19 no país.
No âmbito do combate ao novo coronavírus, as autoridades guineenses declararam o estado de emergência, que foi renovado sábado até 26 de abril, bem como o encerramento das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas na Guiné-Bissau, medidas que foram acompanhadas de uma série de outras restrições à semelhança do que está a acontecer em vários países do mundo.
Uma das restrições só permite que as pessoas circulem entre 07:00 e as 11:00 locais (menos uma hora que em Lisboa).
A covid-19 atingiu a Guiné-Bissau num momento em que o país vive mais um período de crise política, depois de o general Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Umaro Sissoco Embaló tomou posse numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do parlamento do país Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções, para assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.
O Governo demitido por Umaro Sissoco Embaló, o do primeiro-ministro Aristides Gomes, mantém o apoio da maioria no parlamento da Guiné-Bissau.
O Governo liderado por Nuno Nabian ocupou os ministérios com o apoio de militares, mas Sissoco Embaló recusa que esteja em curso um golpe de Estado no país e diz que aguarda a decisão do Supremo sobre o contencioso eleitoral.
Na sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Embaló e do seu Governo, os principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau apelaram a uma resolução da crise com base na lei e na Constituição do país, sublinhando a importância de ser conhecida uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de contencioso eleitoral.
O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassados as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, quase 400 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em África, há registo de 788 mortos num universo de mais de 14 mil casos em 52 países.