O Lar de Santa Isabel, instituição de Vila Nova de Gaia que regista 17 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus, precisa de pessoal médico e de enfermagem, disse hoje à Lusa o presidente, Fernando Vieira.
"Tive dois enfermeiros que testaram negativo, mas disseram-me logo que iam meter baixa. Tenho outros que são incansáveis e apresentaram-se ao serviço. Funcionários em casa que testaram positivo, têm de recuperar, mas estão cheios de vontade de voltar e ajudar-nos. Médicos deixaram de vir, mas passam-me as receitas que precisar", descreveu Fernando Vieira.
Neste lar de Mafamude, Vila Nova de Gaia, de acordo com informações prestadas na reunião de câmara de 06 de abril pelo presidente da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues, ocorreram já duas mortes por covid-19.
No entanto, à Lusa o presidente do lar não quis confirmar se as mortes ocorreram devido ao novo coronavírus por, disse, "desconhecer a causa", aumentando até o número de casos suspeitos para quatro.
"Na verdade foram quatro os utentes que morreram no hospital. E se foi covid-19 ou não, não sei. Manifestavam sintomas, mas tinham outras patologias. E não nos confirmaram isso [se testaram positivo ou negativo]", disse Fernando Vieira.
O Lar de Santa Isabel acolher cerca de 120 utentes com idades entre os 75 e 90 anos, e tem cerca de 100 funcionários.
Dos "poucos testes realizados", conforme descreve o presidente, 13 idosos testaram positivos, estando sete em isolamento e seis internados no hospital de Gaia.
Quanto aos funcionários, "27 deles fizeram o teste, 18 estão negativos, quatro positivos a recuperar em casa, mas desejosos de voltar ao trabalho, e cinco aguardam resultado", acrescentou.
"E tenho a promessa da Câmara de que todos vão ser testados", referiu Fernando Vieira.
No dia 06 de abril, após uma reunião de Câmara, o presidente da autarquia anunciou aos jornalistas que "todos os lares públicos e privados" do concelho, num total de 59 residências seniores, 1.700 idosos e 675 técnicos, seriam testados.
Contactado sábado pela Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues apontou que conta conseguir "intensificar os testes esta semana".
Fernando Vieira também revelou à Lusa ter carência de voluntários, contando que "uma senhora bem-intencionada, mas sem formação" lhe bateu à porta a oferecer-se para ajudar e que um colega "foi hoje ao porto falar na escola de enfermaria a ver se arranjava pessoas".
"Isto depois das autoridades de saúde não darem resposta. Ligo e ligo e ninguém me atende. Resta-me equipas fantásticas e impecáveis e funcionários impecáveis. Não conseguimos evitar que [o vírus] entrasse. Tenho as visitas suspensas há tanto tempo, mas lá arranjou um buraquinho. Não sei se veio do hospital ou se algum funcionaria trouxe sem querer. É assim", desabafou.
Questionado sobre equipamentos de proteção individual disse ter "ainda alguma quantidade" de máscaras e viseiras porque "a Câmara foi entregar e muitos amigos do lar também", mas aproveitou para apelar por "batas e fatos".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, quase 400 mil são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos, mais 31 do que no domingo (+6,2%), e 16.934 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 349 (+2,1%).
Dos infetados, 1.187 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 277 doentes que já recuperaram.