A emigrante guineense Adiato Baldé, 30 anos, formada em farmácia em Portugal viu que o desinfetante estava esgotado no mercado da Inglaterra, onde vive, e decidiu criar o seu próprio produto para prevenir-se a si e à família do novo coronavírus.
O produto está a ser encomendado por várias pessoas através de plataformas de venda na internet, contou à Lusa, Adiato Baldé, que se mudou de Portugal para Inglaterra há três anos.
Licenciada em Farmácia pela Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches e pós-graduada na regulação e avaliação de medicamentos e produtos de saúde pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Adiato Baldé levou "dois ou três" dias a estudar a fórmula.
A farmacêutica guineense usou os seguintes ingredientes no fabrico do seu desinfetante natural: gel de aloé vera, óleo de vitamina E, óleo de melaleuca, limão, vinagre, estrato de planta de hamamélis, adicionado à glicerina, laranja e eucalipto.
Com estas combinações, a farmacêutica acredita ter criado um produto com propriedade antibacteriana, antifúngica e antivírica, embora saliente que a sua fórmula não tem qualquer comprovação no laboratório.
Filha de Fatumata Djau Baldé, conhecida ativista guineense contra a mutilação genital feminina, Adiato Baldé disse que assim que a pandemia do novo coronavírus passar, vai aperfeiçoar melhor a sua criação e registá-la para ser comercializada em grande escala.
Dona do seu próprio negócio de venda de cosméticos, a farmacêutica guineense é atualmente responsável pelo registo de medicamentos para a área de exportação numa empresa inglesa centenária.
Aos guineenses na Guiné-Bissau, onde há 39 casos confirmados de covid-19, Adiato Baldé recomenda, para prevenção e combate ao novo coronavírus, o uso de água e sabão, mas também de lixívia diluída em água e sobretudo para ficarem em casa.
Instada a comentar como vê o comportamento dos guineenses em Inglaterra, um dos países europeus mais fustigados pelo novo coronavírus, Adiato Baldé disse que a nível da cidade de Manchester onde vive "todos parecem respeitar o confinamento social".
"Até é uma comunidade que está sempre em atividade, mas não tenho visto nada", defendeu Adiato Baldé, dando o seu próprio exemplo para frisar que já não vê alguns familiares na mesma cidade "há mais de um mês".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 112 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, quase 375 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 932 mil infetados e 77 mil mortos, é o que regista o maior número de casos, e a Itália é o segundo país do mundo com mais vítimas mortais, contando 19.899 óbitos e mais de 156 mil casos confirmados.
No continente africano, o número de mortes provocadas pela covid-19 subiu hoje para 788 e há mais de 14 mil casos registados em 52 país.