O Presidente moçambicano anunciou hoje a construção do Centro Cirúrgico de Maputo, um dos maiores de África, a partir de abril de 2026 e com financiamento do Governo chinês, além de um Instituto Oncológico e Hospital Materno-infantil.
“Estão em curso diligências para a construção do Centro Cirúrgico de Maputo, que será um dos maiores centros cirúrgicos da região da África Austral e do Continente”, declarou Daniel Chapo, ao apresentar o seu primeiro informe sobre o estado da nação, na Assembleia da República.
Sem avançar os montantes envolvidos, o chefe de Estado referiu que o centro cirúrgico será construído com financiamento da República Popular da China, com as obras a iniciar em abril de 2026 “porque o concurso já foi lançado e as empresas já estão a concorrer”.
Na mesma comunicação, Daniel Chapo avançou que serão também construídos um Instituto Oncológico e um Hospital Materno-infantil em Moçambique, num investimento de 220 milhões de dólares (187,6 milhões de euros), que resulta de uma “parceria estratégica” firmada com o Brasil, na recente visita realizada por Lula da Silva ao país.
Segundo Chapo, as infraestruturas enquadram-se no âmbito da promessa de desenvolver hospitais de referência e unidades especializadas em Moçambique.
“Estas infraestruturas também reduzirão drasticamente a necessidade de evacuação medica ao exterior e permitirão tratar casos complexos no nosso país, sem precisar de ir ao estrangeiro”, disse o Presidente.
Na ocasião, Daniel Chapo reiterou o compromisso de continuar a pagar, de forma faseada e sustentável, a dívida de horas extraordinárias aos funcionários da saúde que, segundo o chefe de Estado, está em 810,6 milhões de meticais (10,8 milhões de euros), referentes a 2023, 2024 e alguns meses de 2025.
Daniel Chapo referiu também que, pela primeira, Moçambique terá regulamentadas matérias relacionadas com a doação, colheita e transplante de órgãos, tecidos e células, o que vai “aumentar a esperança de vida” no país.
“O primeiro ano de governação foi marcado por um esforço profundo para construir, fortalecer e dignificar setores sociais do nosso país”, afirmou o estadista, admitindo que nenhum avanço económico é sustentável se não acompanhado por “melhorias reais na vida das pessoas”.
O setor da saúde moçambicano enfrenta há vários anos greves e paralisações convocadas pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos.
O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou também, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) exigindo as melhorias das condições de trabalho.
O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.