O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço alertou hoje para as dificuldades da instituição no apoio médico aos utentes do Lar Pereira de Sousa, onde foram registados 17 casos de infeção pela covid-19.
Segundo Jorge Ribeiro, o Lar Pereira de Sousa, que aloja 55 utentes, está a deparar-se com casos de infeção pelo novo coronavírus e, hoje, “recebeu mais resultados de testes positivos, que apontam para um total de 10 utentes e sete colaboradoras”.
O responsável disse à agência Lusa que a instituição, tal como outras do setor, não tem condições para ter médicos e enfermeiros durante 24 horas “para conseguir lidar com este conjunto de doentes” e os espaços físicos também não estão preparados para casos de isolamento.
Referiu que o Lar de Idosos possui três enfermeiros e uma médica, mas uma enfermeira está infetada e outro enfermeiro está com sintomas e encontra-se em casa à espera dos resultados dos testes.
A agravar a situação, hoje mesmo, a médica informou o provedor que “não podia comparecer mais” no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço porque, como também trabalha no Centro de Saúde, “lhe tinha sido comunicado que havia diretrizes da Direção-Geral da Saúde no sentido em que os médicos não podiam prestar serviços” em lares com a presença de infetados, como é o caso, relatou.
“Como a nossa médica, nas manhãs, está ao serviço do Centro de Saúde, ficámos sem médica, sem ninguém nos dizer nada”, disse, referindo tratar-se de uma situação “impensável” e um ato “criminoso”.
A saída da médica foi, segundo Jorge Ribeiro, “um rude golpe” para aquela instituição de apoio a idosos do distrito de Viana do Castelo.
“A saída que eu vejo para isto é o que nós temos defendido todos. É preciso criar uma estrutura, um hospital de campanha, que receba estes utentes infetados. Nós não tempos, por si só, condições para tratar esta gente e com mais esta proibição dos médicos que prestam serviços na Saúde prestarem serviços nos lares, ficámos mesmo sem hipótese de ter profissionais de saúde”, afirmou à Lusa.
Na sua opinião, a solução é colocar médicos nas instituições com doentes ou “retirar os infetados” com covid-19 para que possam continuar a tratar dos restantes utentes, defende.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço denunciou a situação numa missiva enviada à Diretora-Geral de Saúde, ao presidente do Concelho de Administração da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, ao presidente da Câmara Municipal de Melgaço e ao Delegado de Saúde Local, onde alerta que a equipa de saúde da instituição se resume atualmente a uma enfermeira.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 96 mil mortos e infetou quase 1,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 435 mortos, mais 29 do que na véspera (+6,4%), e 15.472 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 1.516 em relação a quarta-feira (+10,9%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado no dia 02 de abril na Assembleia da República.