Cerca de 58% dos quase 1.750 estudantes ligados ao Centro de Língua Portuguesa da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) estão a interagir ou participar em atividades de ensino à distância, segundo um balanço provisório do programa.
Os dados, obtidos pela Lusa, fazem parte da primeira avaliação preliminar do processo de implementação do ensino não-presencial na UNTL – a primeira instituição de ensino em Timor-Leste a implementar esta medida como resposta preventiva à covid-19.
“Não conseguimos chegar mais longe por vários fatores, especialmente externos, devido às limitações a meios digitais físicos, como tablets, computadores ou smartphones, e no acesso à internet que nalguns casos, especialmente nos alunos nos municípios é mais difícil”, explicou à Lusa o coordenador científico-pedagógico do programa, Paulo Faria.
O Centro de Língua Portuguesa da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) é atualmente apoiado no âmbito do programa FOCO-UNTL, uma iniciativa da cooperação bilateral entre Portugal e Timor-Leste cofinanciado pelo Instituto Camões e pela instituição.
Mesmo antes da decisão da UNTL suspender as aulas presenciais e passar ao ensino à distância, o programa FOCO, que se centra no desenvolvimento e incremento da língua portuguesa, tinha vindo a implementar várias soluções para o regime de ensino à distância e online.
Uma opção que no caso de Timor-Leste acaba por ser condicionada pela falta de recursos em termos de docentes – há professores com 160 ou 170 alunos – mas, acima de tudo, pelas carências de equipamento e de acesso à internet dos próprios alunos.
Paulo Faria explica que tem sido feito um esforço gradual para apoiar os 10 professores timorenses e oito portugueses envolvidos no programa FOCO para “potenciar e aproveitar todo o potencial pedagógico que tem essa imersão” no mundo digital e online.
Mais do que medir apenas uma ou outra interação e para ser comprovativa de uma verdadeira interação entre professores e alunos, a avaliação mede as avaliações, “tradicionalmente o maior desafio no ensino à distância”.
“Não medimos aqui os dados apresentados de um aluno que foi à plataforma ou interagiu por whatsapp mas sim os dados que evidenciam interação durante a semana”, especialmente a avaliação, explicou.
A taxa de maior êxito é entre os grupos de formação externa conduzida em parceria com a Fundação Oriente e onde 100% das duas turmas fizeram a passagem para regime de ensino a distância.
A faculdade de direito é outra com sinais de sucesso, com a interação a ultrapassar os 90% dos alunos, muitos dos quais, explica Paulo Faria, já tem hábitos de interagir em plataformas online e, em muitos casos, são de famílias com mais poder de compra.
No caso das Ciências Exatas os níveis de interação digital ultrapassam os 70%, ficando abaixo dos 50% na Faculdade de Educação, Artes e Humanidades com “níveis de participação entre os 33% e os 48%”, sendo o Departamento de Formação de Professores do Ensino Básico o de “maiores constrangimentos de comunicação com os alunos”.
Paulo Faria diz que uma das medidas para colmatar as carências seria facilitar acesso dos docentes à internet, “discriminando positivamente os alunos do ensino superior”.
Até lá, disse, a aposta continuará a ser tanto em plataformas educativas como através das redes sociais, instrumentos que chegam a mais alunos e mostram mais sinais de sucesso.
“É sempre complexo. E os professores estão esgotados. Aqui é normal um professor ter 160 ou 200 alunos e ter que interagir de uma forma mais personalizada é mais complicado”, frisou.