O secretário-geral do PCP criticou hoje um eventual novo prolongamento do estado de emergência em Portugal até ao final deste mês, considerando que a experiência demonstra que tem servido para abusos por parte de entidades patronais.
Esta posição foi transmitida por Jerónimo de Sousa no final de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, em São Bento, sobre as perspetivas de reabertura do ano escolar face à atual pandemia de covid-19.
Confrontado com o facto de o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, já ter admitido que o estado de emergência poderá ser renovado pela segunda vez, agora cobrindo todo o mês de abril, o líder comunista criticou uma eventual decisão nesse sentido.
Falando aos jornalistas no final de uma reunião de mais de uma hora com António Costa, Jerónimo de Sousa referiu que o PCP "acompanha as medidas positivas tomadas para a salvaguarda da saúde pública" em Portugal.
No entanto, em relação a uma terceira declaração de estado de emergência no país, Jerónimo de Sousa frisou que o seu partido "sempre teve profundas reservas".
"Foram tomadas medidas que ultrapassaram de longe os objetivos desse estado de emergência, que não dá resposta a problemas que se colocam, designadamente aos despedimentos abusivos ou ao desrespeito dos direitos dos trabalhadores", apontou.
Jerónimo de Sousa considerou mesmo que houve neste período de estado de emergência "um aproveitamento inaceitável para limpar direitos individuais e coletivos".
"Para além das medidas de condicionamento, dá a impressão que este estado de emergência não serviu de resposta ao fundamental: O vírus mata, mas a destruição de um posto de trabalho, um despedimento, a violação de um direito individual, seja de pais ou mães trabalhadores, não são aceitáveis", frisou.
Questionado se o PCP votará contra um novo prolongamento do estado de emergência, o líder comunista remeteu para mais tarde esse esclarecimento.