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Covid-19: Campanha de angariação de computadores regista cerca de 140 beneméritos

LUSA
07-04-2020 12:31h

A pensar nos alunos carenciados durante o ensino à distância devido à pandemia da covid-19, o Observatório das Autarquias Locais (OAL) lançou uma campanha de solidariedade de angariação de computadores, registando já "cerca de 140 contactos" de beneméritos.

"Esta campanha é uma espécie de ignição para chamar à atenção para este problema", afirmou à Lusa o presidente do conselho científico do OAL, Bartolomeu Noronha, indicando que "há grandes necessidades em Portugal", de alunos sem computador, ferramenta que permite a interação entre professores e estudantes, mesmo que haja a solução de telescola.

Apesar de o problema ser transversal a todo o país, "há mais desigualdades no interior, que é mais pobre, sobretudo as regiões de baixa densidade populacional", avançou o responsável da associação OAL, revelando que se têm identificado "muitas carências" nos municípios da região do Minho.

"Quantos computadores seriam necessários? Vou-lhe ser muito sincero, dezenas de milhares de computadores, não tenho dúvida", adiantou Bartolomeu Noronha, referindo que se trata de um investimento de "muitos milhões de euros", sem orçamento disponível por parte dos municípios.

Aquando do encerramento das escolas, há três semanas, o Observatório das Autarquias avançou com a ideia de angariar computadores, para assegurar que todos os alunos têm direito à educação, mesmo em tempos de pandemia, com o ensino à distância. Assim, arrancou a campanha de solidariedade de angariação de computadores, que começou a ser divulgada a partir de 30 de março.

"Contactámos muito com os municípios, nas suas vertentes técnicas, e percebemos que ia haver muitas necessidades, caso não houvesse aulas presenciais, porque sabemos que há muitas pessoas carenciadas em Portugal, com pouco dinheiro, e os computadores para ensino à distância servem para poder assistir às aulas mas, mais do que isso, interagir com os professores, receberem fichas, trabalhos, etc", explicou o presidente do conselho científico do OAL.

Ainda que o Ministério da Educação tenha anunciado a solução de telescola, que permitirá assistir às aulas através da televisão, os computadores continuam a ser necessários, para que o trabalho escolar possa ser interativo, ressalvou Bartolomeu Noronha.

"De qualquer forma, a campanha era sempre precisa em Portugal, porque realmente há carências, sobretudo nas famílias mais pobres ou com menos rendimentos de terem acesso, quer à internet, quer ao computador, portanto seria importante à mesma", realçou o responsável da associação OAL, acrescentando que o problema já existia, mas foi a pandemia da covid-19 que "fez com que se abordasse o assunto a sério".

Dirigida a alunos carenciados, a campanha de angariação de computadores, promovida pelo OAL - associação sem fins lucrativos que analisa o comportamento das autarquias locais -, dispõe de quatro locais de recolha no país, designadamente nas cidades de Lisboa, Porto, Braga e Ponta Delgada, onde qualquer pessoa pode entregar equipamentos, após um contacto a informar dessa disponibilidade, através do 'email' geral@oal.pt.

"Recebemos cerca de 140 contactos, neste momento", expôs Bartolomeu Noronha.

Depois do processo de angariação, a associação OAL vai entregar os computadores aos municípios que pediram apoio, detalhou o presidente do conselho científico, referindo que a distribuição aos alunos é feita pelos municípios, que "conhecem melhor as carências".

"Os municípios estão a organizar-se, agora isto foi tudo muito rápido, porque ninguém estava à espera, nas últimas três semanas, que de repente os alunos não pudessem aceder aos locais onde têm aulas", sustentou o responsável, acrescentando que os orçamentos municipais não conseguem comportar os valores de investimento em computadores e há que pedir apoio ao Estado.

Neste momento, os municípios devem estar a "redefinir todos os seus orçamentos, porque o orçamento do município antes e pós covid-19 será complemente diferente", defendeu Bartolomeu Noronha.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a domingo (+6%).

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