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Covid-19: Serviço de Intervenção nas Dependências prevê novos riscos.

01-04-2020 13:06h

O Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) prevê novos riscos e um aumento dos comportamentos de risco devido à pandemia covid-19 e fez um conjunto de recomendações para os profissionais que trabalham com esta população.

“Prevendo a emergência de novos riscos sócio-sanitários, acompanhados por um aumento dos comportamentos de risco associados aos consumos e o agravamento da situação das populações socialmente mais marginalizadas e vulneráveis”, o organismo elaborou um conjunto de recomendações para “a intervenção com cidadãos com comportamentos aditivos e dependências inseridos em Programas Assistenciais: Tratamento e Redução de Riscos e Minimização de Danos”.

O organismo refere que, “perante o flagelo”, impõe-se a todos os profissionais “uma maior proximidade e proatividade no trabalho, em articulação e parceria entre todos os agentes, tendo em conta a complexidade do contexto, de grande incerteza, afetando não só a população que consome substâncias psicoativas, como também toda a sociedade”.

Assim, “todos os agentes envolvidos na prestação de cuidados a estas populações devam comprometer-se, ética e profissionalmente, na manutenção da sustentabilidade dos cuidados a estas populações, num cenário exigente, rapidamente evolutivo e mutável, ajudando o cidadão a consciencializar-se sobre a situação atual, dando-lhe conta dos recursos existentes, mesmo que escassos”, refere o organismo nas recomendações publicadas no ‘microsite’ que criou para apoiar e esclarecer os cidadãos e profissionais sobre a covid-19.

Para o SICAD, num contexto de crise como este, é “particularmente relevante não quebrar e defender a relação de confiança que foi construída ao longo dos anos entre o cidadão e os profissionais de saúde bem como os serviços onde trabalham”.

Reconhecendo os “sérios desafios e limitações à capacidade de resposta habitual dos serviços”, o organismo recomenda que deve ser “balanceada a necessidade de preservar o mais possível” as pessoas em tratamento à exposição ao covid-19 com “a redução do impacto destas alterações no funcionamento das respostas socio-sanitárias que lhes garantem a estabilização e a evolução das suas patologias aditivas e problemas biopsicossociais associados”.

Sublinha ainda que, estando já estabelecidos planos de ação e de contingência para os serviços públicos ambulatórios (equipas de tratamento dos Centros de Resposta Integrados) importa que outros dispositivos possam continuar a prestar cuidados.

O organismo recomenda que os cuidados em regime de internamento residencial em comunidade terapêutica deverão continuar, tendo em conta o seu plano de contingência e as indicações da DGS.

A admissão de utente só poderá acontecer se a unidade puder garantir o confinamento do utente em quarentena durante 14 dias, o que terá de ter o consentimento informado do próprio.

As alterações no plano de tratamento como, por exemplo, o adiamento de visitas ou de saídas ao exterior em fase de reinserção, devido às medidas de contingência devem ser “objeto de adequada compensação, de forma a que a aplicação do modelo terapêutico não seja desvirtuada”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 828 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 41 mil.

Dos casos de infeção, pelo menos 165 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).

Dos infetados, 726 estão internados, 230 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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